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O mais discreto dos vencedores

Rui Faria: altamente fiel ou pouco ambicioso?

Eis uma das grandes questões que pairam sobre o seio da equipa técnica de José Mourinho. Rui Faria – desde os tempos mais discretos no União de Leiria até ao presente – sempre se destacou pela fidelidade e pela amizade para com o seu mestre. A minha dúvida reside na possibilidade de esta fidelidade ser um termo dúbio, "abafando" assim o seu receio em assumir responsabilidades mais altas. A falta de ambição é um preço que se paga bem caro quando se quer ser um líder e talvez seja mesmo esse o calcanhar de Aquiles do braço direito de Mourinho. Mas o reverso da medalha poderá também corresponder à realidade, sendo ele incapaz de abandonar o homem que lhe proporcionou momentos inesquecíveis no futebol. Se assim for, devo dizer que esta sua demonstração de fidelidade é, de facto, algo belíssimo e pouco visto neste desporto. Rui Faria enfatiza todo o trabalho do melhor treinador português e é considerado o seu maior (e talvez o único) seguidor. Eu acredito que num futuro próximo iremos poder ver em que patamar se situam realmente as competências do Rui.

Um líder nato já nasce líder, somente os traços de liderança podem ser ensinados.

José Mourinho não se esquece!


José Mourinho enviou uma carta à Selecção Nacional onde pede empenho aos jogadores e apoio por parte de todos os portugueses! Penso que faz todo o sentido citá-la aqui, pois não são todos os dias que podem ser lidas palavras tão sábias e sentidas por parte do melhor treinador do Mundo. Então aqui vai:

Sou português há 47 anos e treinador de futebol há dez. Sendo assim, sou mais português do que treinador. Posto isto, para que não restassem dúvidas, vamos ao que importa...

As Selecções Nacionais não são espaços de afirmação pessoal, mas sim de afirmação de um País e, por isso, devem ser um espaço de profunda emoção colectiva, de empatia, de união. Aqui, nas selecções, os jogadores não são apenas profissionais de futebol, os jogadores são além disso portugueses comuns que, por jogarem melhor que os portugueses empregados bancários, taxistas, políticos, professores, pescadores ou agricultores, foram escolhidos para lutarem por Portugal. E quando estes eleitos a quem Deus deu um talento se juntam para jogar por Portugal, devem faze-lo a pensar naquilo que são - não simplesmente profissionais de futebol (esses são os que jogam nos clubes), mas, além disso, portugueses comuns que vão fazer aquilo que outros não podem fazer, isto é, defender Portugal, a sua auto estima, a sua alegria. Obviamente há coisas na sociedade portuguesa incomparavelmente muito mais importantes que o futebol, que uma vitória ou uma derrota, que uma qualificação ou não para um Europeu ou um Mundial. Mas os portugueses que vão jogar por Portugal - repito, não gosto de lhes chamar jogadores - têm de saber para onde vão, ao que vão, porque vão e o que se espera deles.

Por isso, quando a Federação Portuguesa de Futebol me contactou para ser treinador nacional, aquilo que senti em minha casa foi orgulho; do que me lembrei foi das centenas e centenas de pessoas que, no período de férias, me abordam para me dizerem quanto desejam que eu assuma este cargo. Isto levou-me, pela primeira vez na minha vida profissional, a decidir de uma forma emocional e não racional, abandonando, ainda que temporariamente, um projecto de carreira que me levou até onde me levou. Desculpem a linguagem, mas a verdade é que pensei: Que se lixem as consequências negativas e as críticas se não ganhar; que se lixe o facto de não ter tempo para treinar e implementar o futebol que me tem levado ao sucesso; por Portugal, eu vou! E é isto que eu quero dizer aos eleitos para jogar por Portugal: aí, não se passeia prestigio; aí, não se vai para levar ou retirar dividendos; aí, quem vai, vai para dar; aí, há que ir de alma e coração; aí, não há individualidades nem individualismos; aí, há portugueses que ou vencem ou perdem, mas de pé; aí, não há azias por jogar ou por ir para o banco; aí, só há espaço para se sentir orgulho e se ter atitude positiva.

Por um par de dias senti-me e pensei como treinador de Portugal. E gostei. Mas tenho que reconhecer que o Real Madrid é uma instituição gigante, que me «comprou» ao Inter, que me paga, e que não pode correr riscos perante os seus sócios e adeptos. Permitir que o seu treinador, ainda que por uns dias, saísse do seu habitat de trabalho e dividisse a sua concentração e as suas capacidades era impensável. Creio, por conseguinte, que o feedback que saiu de Madrid e chegou à Federação levou a que se anulasse a reunião e não se formalizasse o pedido da minha colaboração. Para tristeza minha e frustração do presidente Gilberto Madail. Mas, sublinho, agora já a frio: foi e é uma decisão fácil de entender. Estou ao leme de uma nau gigantesca, que não se pode nem se deve abandonar por um minuto. O Real decidiu bem. Fiquei com o travo amargo de não ter podido ajudar a Selecção, mas fico com a tranquilidade óbvia de quem percebe que tem nas suas mãos um dos trabalhos mais prestigiados no mundo do futebol. Agora, Portugal tem um treinador e ele deve ser olhado por todos como «o nosso treinador» e «o melhor» até ao dia em que deixar de ser «o nosso treinador». Esta parece-me uma máxima exemplar: o meu é o melhor! Pois bem, se o nosso é Paulo Bento, Paulo Bento é o melhor.

Como português, do Paulo espero independência, capacidade de decisão, organização, modelagem das estruturas de apoio, mobilização forte, fonte de motivação e, naturalmente, coerência na construção de um modelo de equipa adaptada as características dos portugueses que estão à sua disposição. Sinceramente, acho que o Paulo tem condições para desenvolver tudo isso e para tal terá sempre o meu apoio. Se ele ganhar, eu, português, ganho; se ele perder, eu, português, perderei. Mas eu também quero ganhar. No último encontro de treinadores que disputam a Champions League, quando questionado sobre o poder dos treinadores nos clubes, ou a perda de poder dos treinadores face ao novo mundo do futebol, sir Alex Fergusson disse (e não havia ninguém com mais autoridade do que ele para o dizer!) que o poder e a liderança dos treinadores depende da personalidade dos mesmos, mas que depende muitíssimo das estruturas que os rodeiam. Clubes e dirigentes fragilizam ou solidificam treinadores. Eu transponho estas sábias palavras para a selecção nacional: todos, mas todos, neste país devem fazer do treinador da selecção um homem forte e protegido. E quando digo todos, refiro-me a dirigentes associativos, federativos e de clubes, passando pelos jogadores convocados e pelos não convocados, continuando pelos que trabalham na comunicação social e terminando nos taxistas, políticos, pescadores, policias, metalúrgicos, etc. Todos temos de estar unidos e ganhar. E se perdermos, que seja de pé! Mas, repito, há coisas incomparavelmente mais importantes neste país que o futebol. Incomparavelmente mais importantes¿ Infelizmente! Aproveito esta oportunidade para desejar a todos os treinadores portugueses, aos que estão em Portugal e aos muitos que já trabalham em tantos países de diferentes continentes, uma época com poucas tristezas e muitas alegrias.

Ao Xico Silveira Ramos, manifesto-lhe a minha confiança no seu cargo de Presidente da ANTF.

Um abraço a todos,

José Mourinho

Uma Década de conquistas especiais

Sinto-me um privilegiado por viver na era José Mourinho!

Dez anos de José Mourinho são, obrigatoriamente, dez anos especiais recheados de conquistas. José Mário dos Santos Mourinho Félix nasceu em Setúbal a 26 de Janeiro de 1963 e é filho de um ex-guarda-redes português, Félix Mourinho. José Mourinho nunca conseguiu seguir uma carreira de futebolista como o pai, teve algumas tentativas mal sucedidas em clubes menores, mas desde muito cedo mostrou uma habilidade inata para organizar e preparar os relatórios das equipas do pai. Em meados da década de 90, foi contratado para trabalhar com o técnico inglês Bobby Robson, no Sporting Clube de Portugal. Mourinho ganhou aí a alcunha de Tradutor e manteve-se o braço direito do treinador inglês quando ele se mudou para o FC Porto e mais tarde para o Barcelona. No dia 20 de Setembro de 2000, há exactamente 10 anos, surgiu a oportunidade de treinar uma equipa portuguesa, foi o escolhido para comandar o Sport Lisboa e Benfica após a 4ª jornada da Liga Portuguesa. Quando José Mourinho começou a conquistar os adeptos benfiquistas (especialmente depois da vitória contra o rival Sporting por 3-0) houveram eleições no Sport Lisboa e Benfica. Mudou a presidência de João Vale e Azevedo para Manuel Vilarinho. Mourinho saiu assim do Benfica, mas ainda durante essa época assumiu o comando da União de Leiria, onde se manteve até Janeiro de 2002.

Nesse mês, foi escolhido para substituir Octávio Machado no comando técnico do FC Porto e à chegada Mourinho prometeu com invulgar certeza o título na época seguinte. Com o rigor táctico, a paixão, a organização e a determinação de Mourinho o Porto cresceu em Portugal e na Europa. Em dois anos venceu duas competições europeias – Taça UEFA contra o Celtic de Glasgow e Liga dos Campeões contra o Mónaco – e os dois campeonatos nacionais. Após o seu brilhante trabalho no Porto, Roman Abramovich, presidente do Chelsea, decidiu contratá-lo em Junho de 2004 e José Mourinho tornara-se assim um dos treinadores mais bem pagos do Mundo, ganhando cerca de 6 milhões de € por ano. A 30 de Abril de 2005, Mourinho fez história, sagrando-se campeão inglês após vencer o Bolton por 2-0. O Chelsea não ganhava a Premier League há 50 anos. Apesar de tudo isto, para muitos, Mourinho ficou assombrado pelo dilema da Champions League, uma vez que o técnico português foi eliminado por duas vezes nas meias-finais da competição frente ao rival Liverpool, em 2004/2005 e em 2006/2007. Já em 2005/2006 caiu aos pés do gigante Barcelona nos oitavos-de-final numa eliminatória recheada de polémica. Mesmo assim e na minha opinião, é notável todo o seu trajecto na Champions desde o FC Porto até agora. A 20 de Setembro de 2007, José Mourinho e o Chelsea chegaram a mútuo acordo para a rescisão de contrato. Apesar disso, a sua popularidade no clube londrino é tal que ainda hoje, em Stamford Bridge, vê o seu nome entoado em cântico, não sendo raro Mourinho ser clamado para regressar ao clube inglês!

Após algumas semanas em que circularam rumores de que seria treinador do Inter de Milão, a sua contratação foi oficializada a 2 de Junho de 2008. De salientar um aspecto curioso relacionado com a apresentação do "special one" no Inter: Mourinho não quis dizer que era especial. Antes quis realçar que quem era verdadeiramente especial era o próprio Inter, lembrando para isso a grande importância que o clube detém na história do futebol, ao contrário do Chelsea, o seu anterior clube. Em Itália, Mou ganhou tudo o que havia para ganhar e no dia 22 de Maio de 2010 conquistou a Champions League pela segunda vez na sua carreira, vencendo na final o Bayern Munique de Van Gaal por 2-0. José Mourinho tornou-se assim o primeiro treinador de sempre a fazer o “triplete” por duas vezes, ou seja, vencer o Campeonato Nacional, a Taça e uma Competição Europeia. Na época 2002/2003, com o FC Porto, conquistou a Liga Portuguesa, a Taça de Portugal e a Taça UEFA e na época 2009/2010, com o Inter de Milão, ganhou o Campeonato Italiano, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões! Actualmente, o treinador português vai encantando no Santiago Bernabéu, mostrando que em apenas dez anos a sua ascensão foi meteórica. Só a título de curiosidade, na sua infância José Mourinho baptizava os seus cães com nomes de jogadores de futebol. Um deles recebeu o nome do lendário jogador holandês Ruud Gullit.

Ser o melhor é ganhar 17 troféus em dez anos de trabalho, é estar frequentemente no centro das atenções. É, fundamentalmente, ser diferente de todos os outros!

Real Madrid tem quase tudo, falta o mais complexo: ganhar!

Eis a questão: Treinar galácticos ou ser treinado por um galáctico?

Maiorca é a estreia da super produção de José Mourinho que tem como principal objectivo vencer o Barcelona de Pep Guardiola. Finalmente, vai começar hoje o campeonato para os madrilenos, que já sabem que qualquer erro será sempre incompreensível para o público em geral. O Estádio Ono tornou-se no Estádio Iberostar e revela o seu nome para receber a visita da "Mou Team". O coliseu vermelhão, apesar da mudança de nome, permanecerá sempre com a mesma dimensão, neste estádio, na última temporada, houve um terramoto por causa de um animal futebolístico chamado Cristiano Ronaldo, marcou três golos no seu único hat-trick pelo Real Madrid até agora. O Maiorca voltou a ser reinventado, já faz parte da história. Gregorio Manzano já não está mais sentado no banco, agora é Michael Laudrup que assume todas as responsabilidades. Saíram da equipa jogadores como Aduriz, Borja Valero, Bruno China, Mario Suarez, entre outros, mas esta equipa continua viva e pronta para estragar o início de época dos galácticos de José Mourinho!

Sergio Canales será titular no jogo de hoje, dado que Mourinho é indiferente à sua tenra idade, 19 anos, e ao seu "baixo" preço, 4,5 milhões de euros, algo que me parece, indiscutivelmente, muito bem! O jovem médio-ofensivo será titular em Maiorca e o técnico português até aproveitou a situação para assegurar que não é o preço que garante um lugar no onze. "O Canales vai jogar. Foi quem trabalhou mais tempo com a equipa. Chegou em perfeitas condições. Está a trabalhar bem. Comigo não joga quem tem mais prestígio, quem custou mais dinheiro ou quem chegou a meu pedido. É uma mensagem positiva para o plantel: gosto de todos e confio em todos", disse o técnico português, dando motivação e confiança à equipa! Os alemães Khedira e Özil foram pedidos expressos do treinador luso, mas o mesmo Mourinho afirmou que ainda não havia uma suficiente adaptação por parte dos dois jogadores, tanto idiomática como futebolística. Özil deverá ficar no banco de suplentes, mas Khedira, um box-to-box possante e talentoso, deverá fazer dupla com Xabi Alonso à frente da defesa. Admitindo também que esta dupla não está a fazer tudo o que podia e devia, poderá sempre surgir Lassana Diarra a titular, enviando para o banco o alemão ou o espanhol. Estas dúvidas todas são fruto da chegada de novos jogadores, de um novo treinador e, portanto, de novos métodos e rotinas!

Na minha opinião, o técnico português deverá alinhar em 4x2x3x1 com Casillas na baliza, Marcelo a lateral-esquerdo, este brasileiro é fantástico nas transições ofensivas, já em organização defensiva não é tão forte. Sérgio Ramos e Ricardo Carvalho a centrais, uma dupla que promete muito e que poderá atingir um patamar de qualidade elevadíssimo, e Arbeloa como lateral-direito. À frente da defesa, uma dupla de médios formada por Xabi Alonso e Khedira, aqui reside a minha maior dúvida no onze madrileno, pois o bom funcionamento desta parelha de médios é fundamental num sistema em 4x2x3x1. É necessário que eles joguem quase de olhos fechados ao lado um do outro, algo que é impossível com tão pouco tempo de trabalho, o prisma de pensamento dos dois médios deve ser: quando um sobe no terreno para abrir espaços na equipa adversária o outro deverá ficar mais recuado, equilibrando a equipa e potenciando uma transição ataque-defesa segura! Uma equipa a actuar como um bloco é mesmo isto, muito mais do que atacar e defender unida e coesa, como um bloco, é preciso pensar como tal, pensar primeiro no que a equipa necessita em cada momento do jogo e só depois executar, aqui entra a fadiga mental no futebol e só se existir uma grande motivação e ambição ela será ofuscada! Dí María, Sergio Canales e Cristiano Ronaldo deverão jogar mais à frente no terreno, sendo que a grande referência no ataque será Gonzalo Higuaín, um quarteto espantoso e reactivo, capaz de desmontar uma equipa inteira com uma jogada genial!

Mourinho, a chave do sucesso individual e colectivo

Júlio César, Maicon, Wesley Sneijder e Diego Milito são os meus favoritos e os que, se houver justiça, vencerão os respectivos prémios da UEFA no dia 26 de Agosto! Foram quatro peças chave num Inter de Mourinho que amedrontava qualquer um com tanta objectividade e organização! O primeiro é um belíssimo guardião, elástico, seguro e extremamente comunicativo, algo que é importante para transmitir confiança à restante equipa. Já o segundo é um lateral diferente de todos os outros que já vi a actuar, o brasileiro de 29 anos é uma preciosidade para qualquer equipa, já sabe de cor o flanco direito de um campo de futebol, se ele estiver dentro das 4 linhas a faixa direita já tem um dono indiscutível!

O holandês da equipa milanesa, Wesley mágico Sneijder, merece ser o melhor jogador da Europa e do Mundo, não só pelo que fez dentro do relvado durante a temporada passada, mas também pelos títulos que arrecadou! Espero, sinceramente, que neste caso haja justiça e que só o nome não chegue para ganhar o prémio, pois se assim for será Xavi ou Messi a vencer, não quero com isto dizer que eles não são excelentes jogadores, bem pelo contrário como é óbvio, mas eu só acho é que este ano quem merece, efectivamente, ser eleito é o pequenote holandês que só é mesmo pequenote em relação a Xavi e Messi em termos de estatuto, pois como jogador está também no TOPO. É uma delícia vermos cada toque que sai dos pés de Sneijder, ele é dos poucos que torna a bola ainda mais redonda do que aquilo que ela é na realidade, ele actua durante 90 minutos sempre ao mesmo ritmo e com os índices de concentração sempre no máximo, algo que me deixa fascinado, para mim vê-lo a jogar é como ouvir Louis Armstrong, uma sensação de puro prazer. Em relação ao último, o argentino que andava esquecido por todos menos por José Mourinho, Diego Milito é um avançado que com dois ou três toques na bola é capaz de fazer golo, tem uma facilidade incrível em arranjar espaço para o remate, isto é fruto da sua técnica e inteligência, algo que foi claramente trabalhado por Mourinho, notou-se uma evolução fabulosa neste jogador de 31 anos. Para finalizar, penso que só fica bem (RE)lembrar o magnífico e super trabalhador técnico português, pois foi ele o realizador deste filme de sucesso que teve como actores principais estes quatro jogadores na época passada!

José Mourinho deixa sempre saudades por onde passa, isso só se torna possível quando se é o melhor!

Mourinho o quê??

Quem acusa de falta de espectacularidade este Inter de José Mourinho, ou o futebol italiano em geral, teve de engolir as palavras depois de ver o encontro de Sábado frente ao Bolonha. Exibição demolidora da turma de Milão, imponente, arrasando como um rolo compressor o adversário na sua própria casa. Os "nerazzurri" marcaram três golos, acertaram três vezes nos ferros e desperdiçaram mais uma dezena de oportunidades. Em suma, deram espectáculo, tal como o deu - e isto é que já não é de estranhar - o próprio Mourinho, que, se tem rivais na luta pelo título de melhor treinador do mundo, não os tem na arte de comunicar e de motivar.

O futebol do Inter é inacreditavelmente enleante. Tem a magia própria dos jogadores sul-americanos - e eram oito de início - mas também o rigor europeu, que caracteriza o seu próprio treinador. Não há grandes correrias, é raro ver-se um interista a sprintar, o que pode contradizer um pouco a ideia de futebol espectáculo, mas estamos perante um bloco coeso e compacto, que ataca sempre com seis, sete unidades nas proximidades da área contrária, que cria ocasiões em catadupa e que tem uma média de dois golos por jogo. Para quem gosta de futebol, o que se pode pedir mais?

A acção de Thiago Motta, Zanetti e Dejan Stankovic é o segredo deste meio-campo. Três jogadores experientes, maduros, sabem dosear na perfeição os momentos em que devem defender ou subir (em bloco) no terreno. Depois há também e não menos importante Maicon, o melhor lateral-direito da actualidade, que durante os 90 minutos anda em constantes idas e voltas ao longo do relvado... e ainda as bolas paradas marcadas por Maicon, por sinal. De dois cantos do lateral-direito nasceram os dois primeiros tentos, que deram o 1-2 ao intervalo. Uma vantagem justíssima, que continuou a ser justificada no início da segunda parte. Aos 65 minutos, incluindo os dois golos, o Inter tinha criado onze ocasiões de golo e Maicon participou em sete!

As contabilidades deixaram de fazer sentido logo a seguir, quando Cambiasso matou o jogo com o terceiro golo. Até final, e porque protagonista é protagonista para o bem e para o mal, só há para contar a expulsão de... Maicon. Vermelho directo, mais um problema para Mourinho e, ao mesmo tempo, mais uma oportunidade para brilhar nos media. José Mourinho é um espectáculo dentro do próprio espectáculo, no campo e, sobretudo, fora dele, perante os jornalistas. Ontem, caiu-lhe nas mãos mais uma polémica, relacionada com o vermelho directo exibido a Maicon, após um insulto que este terá dirigido a um dos árbitros-assistentes. Logo à primeira pergunta sobre o assunto, na conferência de imprensa, Mourinho entrou a matar. "Pelo que sei, você é jornalista do Tuttosport (jornal afecto à Juventus) e por isso quer é ver se o Maicon leva dois jogos de suspensão para não defrontar a Juventus!", insinuou o técnico, com ar de quem não estava a brincar.

Obrigado a mudar para pior

O Inter teve um início de jogo apático e irreconhecível, muito devido à maneira desinibida como o Rubin Kazan encarou esta partida, impressionando com a sua entrada empolgante e pragmática. A partir do golo do empate, que surgiu contra a corrente do jogo, foi possível observar um Inter diferente, mas muito longe daquele que já praticou bom futebol esta época… Sinceramente, por tudo o que se desenrolou durante os 90 minutos, este foi um empate que soube a pouco para a equipa da casa, garanto-vos que este Rubin Kazan irá dar muito que falar nesta edição da Champions League!

Os ataques do Inter de Milão foram, constantemente, canalizados pelo flanco direito, aproveitando a muita qualidade de Maicon, mas dando uma dinâmica previsível à equipa… Com o sistema que Mourinho utiliza parece-me um pouco ridícula a inclusão de Chivu na esquerda, sabe-se que este romeno não demonstra facilidades para ajudar no processo ofensivo, algo que se exige aos laterais perante esta forma de jogar e algo que, por exemplo, Maicon (lateral-direito) possui. Não seria, certamente, melhor colocar Santon no flanco esquerdo, tal como na época passada!? Com isto iriam ter um lateral-esquerdo adequado à forma de jogar e conseguiriam potenciar muito melhor o 4x4x2 losango. Para além disto, ficariam com uma dupla de centrais mais rápida e, fundamentalmente, mais completa, admitindo a inclusão de Chivu ao lado de Lúcio como é óbvio, posto isto seriam, sem qualquer dúvida, só vantagens! Domínguez é um avançado bastante rápido que gosta de jogar simples e que é, acima de tudo, virtuoso… Demonstrou a sua capacidade de explosão em vários lances durante todo o encontro, nomeadamente no lance do golo que é, simplesmente, uma jogada genial do argentino. Ele utilizou também e muito bem o facto de Samuel ter sido amarelado bastante cedo e de este também ser um pouco lento de movimentos. Caso a sorte não estivesse do lado da turma de Milão este conseguiria ser um jogo ainda pior!

A equipa russa defendeu sempre muito e bem, com imensos homens na sua própria área, mas é certo que também nunca deixou de se preocupar em atacar, sempre que podia ou que achava pertinente partia em contra-ataques rapidíssimos que, quase sempre, resultavam em lances bastante perigosos. Balotelli é, como todos sabemos, um jogador bastante temperamental, com a sua expulsão aos 60 minutos só prejudicou ainda mais o “jogar” da sua equipa, fazendo com que o Rubin acabasse o jogo em cima do Inter, encostando este bem atrás no terreno e dispondo de oportunidades de golo flagrantes para causar uma surpresa nesta 2ª Jornada da CL! Eto’o (sem o seu companheiro habitual na frente de ataque) e Mancini passaram, de forma incrível, ao lado do jogo, o 2º ainda acabou por ser substituído, mas o camaronês manteve-se em campo até ao final do jogo, foi óbvio que estes dois jogadores não tiveram muito espaço para conseguir colocar o seu espantoso futebol em prática, mas também não possuíram a quantidade certa de imaginação e de criatividade para provocar desequilíbrios, encontrando esses mesmos espaços, basicamente, este foi um jogo não para esquecer, mas sim para ultrapassar e aprender com ele!

Sem um verdadeiro número 10 e sem uma dupla de ataque entrosada o suficiente para permitir uma excelente dinâmica à equipa que está moldada num sistema táctico como este é muito mais difícil provocar desequilíbrios em posse no último terço do terreno e, apesar de isto não ser uma desculpa para a péssima exibição, é um facto que Mourinho pode utilizar em sua defesa! Para terminar, deixo só uma palavra de apreço a Karadeniz do Rubin Kazan, este ala-direito é um excelente jogador, fez imensos quilómetros durante todo o encontro, demonstrando um incrível poder de luta e de entrega ao jogo em prol da equipa e foi possível observar, igualmente, um bom posicionamento e pormenores técnicos assinaláveis…

Internazionale, um caso sério...


Como já devem ter percebido eu sou um fã de José Mourinho e dos seus métodos de trabalho e de gestão, mas desde logo se nota diferenças no futebol praticado pela sua equipa actual em relação ao futebol que o seu conjunto praticou no ano passado... Muita e melhor posse de bola, um futebol mais organizado, com triangulações e desmarcações constantes e muito desequilibradoras numa zona pressionante, uma versatilidade táctica estupenda, jogando de forma lenta e apoiada quando é preciso e pertinente e jogando de forma rápida e em profundidade nos momentos certos e com a capacidade de explosão necessária! É certo que uma coisa há em comum no futebol praticado por esta e pela equipa do ano anterior, a enorme objectividade, isso já se tem tornado habitual nas equipas do “special one” e ainda bem, mas uma coisa é ser-se objectivo e deixar o domínio e a maior parte da posse de bola para a equipa adversária e outra totalmente diferente é quando essa mesma objectividade pode ser traduzida no domínio do jogo e na muita posse de bola da equipa!

Sneijder, mesmo sem rotinas e sem entrosamento com os seus companheiros, fez um bom jogo, é este o jogador tão pretendido pela equipa técnica e o tal que é necessário para dar criatividade à equipa e uma maior capacidade de abrir espaços nas defesas adversárias, que por exemplo o Inter da época passada não tinha… O holandês é um verdadeiro criativo, capaz de fazer o tão importante último passe no momento certo e de forma brilhante! Na minha opinião, a equipa de Milão possui o melhor lateral-direito do Mundo de seu nome Maicon, este jogador ofensivamente é extraordinário, os seus cruzamentos são fabulosos e a sua técnica é digna de um jogador de extrema classe, para acrescentar ainda tem uma velocidade com bola admirável, este seu desempenho a nível ofensivo é de extrema importância quando se joga num 4x4x2 em losango, dado que este brasileiro com estas suas características consegue dar a tal profundidade e a largura por vezes bem necessária à equipa, a nível defensivo é igualmente disciplinado tacticamente e também muito acima da média e então quando tem Zanetti do seu lado, este flanco direito torna-se quase impenetrável!

Com a saída de Ibrahimovic, jogador pouco evoluído tacticamente, mas dos mais evoluídos a nível técnico que existe no mundo do futebol, o Inter perdeu algumas coisas e ganhou outras, entre as quais uma verdadeira dupla de ataque, Eto’o e Milito entendem-se às mil maravilhas e já garantem golos… É bastante frequente vermos um destes jogadores a recuar um pouco para tentar executar uma tabela um pouco mais atrás no terreno, ou com o médio-ofensivo ou então com um dos interiores, isto diz muito da disciplina táctica e da total entrega ao jogo em prol da equipa, é certo que com a saída da “girafa sueca” o ataque do Inter perdeu alguma técnica e alguma imprevisibilidade, mas ganhou mais capacidade colectiva, maior mobilidade e uma maior eficácia com as entradas do camaronês e do argentino! O guarda-redes milanês é brilhante quanto a mim, muito elástico, com reflexos espantosos, muito rápido a sair dos postes, com uma voz de comando intensa e com um bom toque de bola para GR, para além disso irá ter, quanto a mim, uma dupla de centrais muito forte à sua frente, Chivu e Lúcio, dois homens extremamente seguros, rápidos, muito fortes no desarme e no jogo aéreo, principalmente o brasileiro, e que adoram sair a jogar com a bola bem dominada, anulando a função do médio-defensivo e permitindo-lhe outra mobilidade, certamente numa zona mais ofensiva! Este Inter de Milão tem que ser levado a sério quanto à conquista da Champions League!

Perdeu uma Taça, mas "ganhou uma equipa"

Este foi um dos melhores jogos do Inter desde que Mourinho chegou a Milão, foi uma equipa que demonstrou um sistema de jogo baseado em princípios tácticos muito objectivos, inteligentes e criativos, mas ao contrário do habitual, os jogadores deste conjunto estiveram pouco eficazes!

O passe longo para aproveitar a enorme velocidade e capacidade técnica dos dois avançados foi feito quase sempre de forma perfeita, havendo também muito treino para este tipo de situações durante o jogo como é bem visível, é notório que José Mourinho privilegia este princípio táctico, dado que tanto neste Inter como nas suas anteriores equipas ele queria este “pormenor” bem presente, dando uma maior objectividade ao jogo dos seus conjuntos, mas também corre sempre o risco de cair numa maré de previsibilidade quando este mesmo movimento é utilizado por diversas vezes!

Lúcio estreou-se da melhor forma em competições oficiais, esteve sempre muito seguro no desarme e sublime no posicionamento, transmitindo sempre grande segurança para todos os seus companheiros, no capítulo do processo ofensivo foi simplesmente brilhante, saiu sempre muito bem com a bola dominada pela zona central, fazendo o passe quase sempre em excelentes condições para quem o recebeu, para além disso, dá também a este Inter uma nova e muito boa solução para os lances de bola parada, uma vez que é fortíssimo no jogo aéreo… Este brasileiro será indiscutível no centro da defesa, só falta mesmo saber quem será o seu companheiro!

Thiago Motta, mesmo com uma exibição discreta, ajudou bastante a fechar o flanco direito, dando assim uma maior segurança a Maicon para subir pelo seu flanco como ele tanto gosta… Motta dá uma disciplina táctica importante a esta equipa nas diferentes fases do encontro! Os dois jogadores da dupla de ataque deste Inter parece que já jogam juntos há largos anos e na realidade nem há um mês, só mesmo com uma capacidade de adaptação enorme e com um potencial soberbo é que isto se torna possível! Eto’o e Diego Milito são dois avançados bastante móveis, com um sentido posicional incrível que aparecem sempre no sítio certo e que por norma não desperdiçam oportunidades flagrantes de golo… Infelizmente, hoje estiveram muito perdulários na hora da finalização, mas todo o trabalho que realizaram, tanto no início do pressing alto da equipa como nas movimentações explosivas em profundidade, foi de facto notável… Esta irá ser uma dupla de ataque que dará muito que falar tanto em Itália como em toda a Europa, isso eu posso garantir!

Para terminar, vou só dar a minha opinião quanto a um erro táctico de JM: Como é óbvio, José Mourinho só tinha mesmo que arriscar a perder por 2-0 e foi o que fez… Jogando num 4x2x4 muito ofensivo, quando a sua equipa possuía a bola existiam muitos jogadores seus na área e nas faixas laterais, mas onde havia realmente espaço (numa segunda linha ofensiva, local para os médios aparecerem a desequilibrar) Mourinho não colocou ninguém, ou melhor, retirou Stankovic e Muntari, deixando em campo Vieira e Cambiasso que são nitidamente médios com características bastante mais defensivas. Tudo bem que se tornaria ainda mais arriscado deixar em campo Stankovic e/ou Muntari, mas não teria sido a melhor coisa a fazer!? Porque como toda a gente viu, a Lázio depois de sofrer o golo não se preocupou mais em atacar, defendia com todos os homens atrás da linha da bola… Mas é claro que isto é apenas um pormenor, nada de muito relevante em relação ao enorme desperdício que hoje houve em Pequim!

O Puzzle de Mourinho num jogo Decisivo

ANTEVISÃO (ou uma espécie disso): MANCHESTER UNITED VS INTERNAZIONALE

Se estivesse no lugar de José Mourinho alinhava num 4x4x2 losango, tal como é habitual, com Júlio César na baliza, um quarteto defensivo com Maicon, Córdoba, Samuel e Santon, no meio-campo colocaria Cambiasso como médio defensivo, com Zanetti e Muntari a ocuparem as posições de médios interiores, com especial atenção para os extremos do Man.United, ajudando assim Santon e Maicon a pará-los, dando um maior equilíbrio defensivo! Na frente jogaria com Stankovic no apoio a Zlatan Ibrahimović e Balotelli. A minha forma de jogar iria, com certeza, ser a mais lógica de todas tendo em conta o adversário em questão, uma vez que baixaria o bloco, tentava controlar o meio-campo para assim controlar os diferentes ritmos de jogo da melhor maneira possível, gelando o jogo quando necessário e aproveitando muito bem a velocidade e a grande capacidade técnica dos 2 avançados, que neste jogo teriam mesmo que ser brilhantes no capítulo da finalização. Penso que poderia estar em Stankovic uma peça importante no processo defensivo desta equipa, dado que com ele na pressão a Carrick e cortando as suas principais linhas de passe iria anular um jogador deveras importante no início das transições do United, mas também é verdade que não seria por aí que desequilibraria de uma forma brutal o jogo, visto que o Manchester joga em ataque posicional, com muita posse de bola e sem pressas para executar as transições! Os laterais Santon e Maicon terão que estar muito concentrados e sempre bem posicionados e é claro que não poderão subir muito no terreno se Zanetti e Muntari não estiverem por perto para reajustar, dado que os extremos do Manchester United são extremamente velozes e explosivos! Com a posse da bola e com a linha de 3 homens numa zona mais central do terreno iria ter vantagem numérica nessa mesma zona e poderia fazer o tal tipo de jogo que pretendia, ou seja, gelando ou acelerando conforme o posicionamento do adversário, visto que estava perante o campeão europeu, que tem uma intensidade de jogo e uma cultura táctica totalmente diferente, sendo muito mais atacante e dominadora. Se por acaso me encontrasse em vantagem ao intervalo, tirava Muntari e colocava Maxwell, não mexendo na estrutura nem alterando a forma de jogar. Fazia esta alteração porque este jogador iria ajudar bastante a travar o extremo direito Cristiano Ronaldo, dando assim mais consistência defensiva, que seria bem necessária. Mas como em tudo há o reverso da medalha, se estivesse a perder tirava Zanetti e Córdoba e colocaria Adriano e Mancini. Jogaria numa espécie de 3x4x3 mas com Cambiasso a fazer de central e com Muntari a ocupar uma posição também mais defensiva quando estávamos sem a posse da bola. Tendo a posse da bola ficava com Chivu, Maicon e Santon bem recuados, com 2 médios de características diferentes, um bem defensivo (Cambiasso) e o outro mais ofensivo, sendo um típico box-to-box (Muntari). Com estes 2 jogadores no meio e com Stankovic e Mancini nas alas iria criar bastantes desequilíbrios no adversário, juntando a isto iria ter um ataque mortífero com Zlatan, Adriano e Balotelli... Sem dúvida que com estas mudanças iria ser “matar” ou “morrer”!
[11-03-2009]