Villas-Boas defende Jorge Jesus

A classe e o bom senso de André Villas-Boas foram novamente demonstrados num comentário moralmente quase perfeito em relação ao seu rival Jorge Jesus. Passo então a citar esse sábio artigo: "Num clube como o Benfica, o tempo é sempre demasiado curto e as exigências são grandes. Nesse sentido, é ter memória curta relativamente a um homem que representava a mística e a força benfiquista, interpretando-a como ninguém. Tive oportunidade de lhe dizer isso quando nos encontrámos na época passada em Coimbra, quando a sua equipa jogava um futebol de sonho, de qualidade e de ataque. Tentar deitá-lo abaixo por vias travessas não me parece genuíno e acho que o treinador do Benfica não merece esse tipo de críticas agressivas". Para terminar, tenho apenas de evidenciar que esta rivalidade saudável é sempre bem-vinda num futebol como o português!

Sentimentos diferentes, pensamentos iguais



O pensamento de ambas as equipas é só um: vencer! Mas, de facto, dá gosto ver a forma como os jogadores da selecção nacional de rugby sentem o nosso hino e transmitem esse mesmo sentimento de uma forma arrepiante! Deixo aqui este vídeo para realçar o meu orgulho na forma como o hino é cantado pelos lobos. Gostaria que um dia isto pudesse acontecer também na nossa selecção de futebol. Eu sei que o desporto é diferente e a intensidade por sua vez também o é, mas, sinceramente, era algo que me daria imenso prazer observar!

Zinedine Zidane, o melhor de todos



Antes deste dia terminar, 10/10/10, é altura para fazer uma referência ao melhor número 10 de todos os tempos! Zizou, o cientista do desporto rei, é uma referência para todo o mundo do futebol e foi o futebolista que mais me fascinou dentro de um relvado, a sua capacidade para driblar os adversários num tão curto espaço do terreno era a sua melhor qualidade. Não tinha ar de artista da bola, nem de perto nem de longe, mas isso é o que menos importa, até hoje como ele não vi mais ninguém! Quando a bola chegava aos seus pés já tudo estava bem idealizado na sua cabeça. Só assim se consegue fazer o que ele fazia. Uma agressão numa final de um Mundial só é facilmente esquecida quando o talento é sobrenatural, jogadores com a classe de Zidane foram poucos, ou melhor, nenhum!

Dois casos diferentes de evolução

Quando um treinador tem qualidade transforma os seus jogadores em prol do colectivo

João Moutinho e Carlos Martins foram titulares neste último jogo da nossa selecção e são, fundamentalmente, jogadores diferentes se quisermos comparar com um passado recente! O primeiro que joga agora de Dragão ao peito tem 24 anos, mas a sua maturidade dentro de campo é algo impressionante. André Villas-Boas potenciou todo o seu talento, dando-lhe motivação e, acima de tudo, especializando-o numa só posição. No Sporting, este jovem jogador era uma espécie de todo o terreno que, caso fosse necessário, desempenhava qualquer função e aos 90 minutos de jogo era capaz de fazer um sprint até à sua área para tentar o desarme. Felizmente para ele, neste momento, nota-se perfeitamente que houve uma evolução nesse mesmo capítulo e João Moutinho, mesmo recuperando imensas bolas como é bem evidente, já consegue gerir muito melhor o seu esforço, podendo assim dar muito mais à sua equipa em todos os momentos do jogo! A sua qualidade no passe, é raríssimo vermos Moutinho falhar um passe, e toda a sua excelente cobertura dos espaços saltam de imediato à vista de todos e até eu que nunca fui grande fã deste jogador tenho agora que lhe dar mérito – trata-se assim de um caso de especialização e, portanto, de evolução!

Já Carlos Martins é, claramente, um caso diferente. Não por jogar de vermelho e branco, mas sim porque o seu problema assenta noutro prisma, prisma esse que faz parte da sua personalidade. A agressividade do seu jogo, por vezes, prejudicava-o imenso e o seu temperamento levou-o ao insucesso em algumas épocas no passado. Mas agora com Jorge Jesus como seu treinador, este aspecto parece ter sido ofuscado por toda a sua qualidade e, para o bem do futebol nacional, esperemos que tudo continue assim! O seu remate colocado e fortíssimo e toda a sua garra dentro de campo, que, quer se queira quer não, envolve toda a equipa e consegue catapultá-la nos momentos mais complicados, são os pontos fortes do médio português que parece ter "acordado" com o seu novo técnico! E já que toquei neste ponto, não posso terminar sem deixar de destacar a importância que Jorge Jesus teve e tem no desenvolvimento individual dos jogadores. Dí María, Fábio Coentrão, David Luiz e Carlos Martins são quatro grandes exemplos desse mesmo papel importantíssimo do treinador português de 56 anos. O talento destes quatro futebolistas já estava presente como é óbvio, mas era necessário alguém inteligente com a chave correcta para lhes poder abrir a porta do sucesso!

José Mourinho não se esquece!


José Mourinho enviou uma carta à Selecção Nacional onde pede empenho aos jogadores e apoio por parte de todos os portugueses! Penso que faz todo o sentido citá-la aqui, pois não são todos os dias que podem ser lidas palavras tão sábias e sentidas por parte do melhor treinador do Mundo. Então aqui vai:

Sou português há 47 anos e treinador de futebol há dez. Sendo assim, sou mais português do que treinador. Posto isto, para que não restassem dúvidas, vamos ao que importa...

As Selecções Nacionais não são espaços de afirmação pessoal, mas sim de afirmação de um País e, por isso, devem ser um espaço de profunda emoção colectiva, de empatia, de união. Aqui, nas selecções, os jogadores não são apenas profissionais de futebol, os jogadores são além disso portugueses comuns que, por jogarem melhor que os portugueses empregados bancários, taxistas, políticos, professores, pescadores ou agricultores, foram escolhidos para lutarem por Portugal. E quando estes eleitos a quem Deus deu um talento se juntam para jogar por Portugal, devem faze-lo a pensar naquilo que são - não simplesmente profissionais de futebol (esses são os que jogam nos clubes), mas, além disso, portugueses comuns que vão fazer aquilo que outros não podem fazer, isto é, defender Portugal, a sua auto estima, a sua alegria. Obviamente há coisas na sociedade portuguesa incomparavelmente muito mais importantes que o futebol, que uma vitória ou uma derrota, que uma qualificação ou não para um Europeu ou um Mundial. Mas os portugueses que vão jogar por Portugal - repito, não gosto de lhes chamar jogadores - têm de saber para onde vão, ao que vão, porque vão e o que se espera deles.

Por isso, quando a Federação Portuguesa de Futebol me contactou para ser treinador nacional, aquilo que senti em minha casa foi orgulho; do que me lembrei foi das centenas e centenas de pessoas que, no período de férias, me abordam para me dizerem quanto desejam que eu assuma este cargo. Isto levou-me, pela primeira vez na minha vida profissional, a decidir de uma forma emocional e não racional, abandonando, ainda que temporariamente, um projecto de carreira que me levou até onde me levou. Desculpem a linguagem, mas a verdade é que pensei: Que se lixem as consequências negativas e as críticas se não ganhar; que se lixe o facto de não ter tempo para treinar e implementar o futebol que me tem levado ao sucesso; por Portugal, eu vou! E é isto que eu quero dizer aos eleitos para jogar por Portugal: aí, não se passeia prestigio; aí, não se vai para levar ou retirar dividendos; aí, quem vai, vai para dar; aí, há que ir de alma e coração; aí, não há individualidades nem individualismos; aí, há portugueses que ou vencem ou perdem, mas de pé; aí, não há azias por jogar ou por ir para o banco; aí, só há espaço para se sentir orgulho e se ter atitude positiva.

Por um par de dias senti-me e pensei como treinador de Portugal. E gostei. Mas tenho que reconhecer que o Real Madrid é uma instituição gigante, que me «comprou» ao Inter, que me paga, e que não pode correr riscos perante os seus sócios e adeptos. Permitir que o seu treinador, ainda que por uns dias, saísse do seu habitat de trabalho e dividisse a sua concentração e as suas capacidades era impensável. Creio, por conseguinte, que o feedback que saiu de Madrid e chegou à Federação levou a que se anulasse a reunião e não se formalizasse o pedido da minha colaboração. Para tristeza minha e frustração do presidente Gilberto Madail. Mas, sublinho, agora já a frio: foi e é uma decisão fácil de entender. Estou ao leme de uma nau gigantesca, que não se pode nem se deve abandonar por um minuto. O Real decidiu bem. Fiquei com o travo amargo de não ter podido ajudar a Selecção, mas fico com a tranquilidade óbvia de quem percebe que tem nas suas mãos um dos trabalhos mais prestigiados no mundo do futebol. Agora, Portugal tem um treinador e ele deve ser olhado por todos como «o nosso treinador» e «o melhor» até ao dia em que deixar de ser «o nosso treinador». Esta parece-me uma máxima exemplar: o meu é o melhor! Pois bem, se o nosso é Paulo Bento, Paulo Bento é o melhor.

Como português, do Paulo espero independência, capacidade de decisão, organização, modelagem das estruturas de apoio, mobilização forte, fonte de motivação e, naturalmente, coerência na construção de um modelo de equipa adaptada as características dos portugueses que estão à sua disposição. Sinceramente, acho que o Paulo tem condições para desenvolver tudo isso e para tal terá sempre o meu apoio. Se ele ganhar, eu, português, ganho; se ele perder, eu, português, perderei. Mas eu também quero ganhar. No último encontro de treinadores que disputam a Champions League, quando questionado sobre o poder dos treinadores nos clubes, ou a perda de poder dos treinadores face ao novo mundo do futebol, sir Alex Fergusson disse (e não havia ninguém com mais autoridade do que ele para o dizer!) que o poder e a liderança dos treinadores depende da personalidade dos mesmos, mas que depende muitíssimo das estruturas que os rodeiam. Clubes e dirigentes fragilizam ou solidificam treinadores. Eu transponho estas sábias palavras para a selecção nacional: todos, mas todos, neste país devem fazer do treinador da selecção um homem forte e protegido. E quando digo todos, refiro-me a dirigentes associativos, federativos e de clubes, passando pelos jogadores convocados e pelos não convocados, continuando pelos que trabalham na comunicação social e terminando nos taxistas, políticos, pescadores, policias, metalúrgicos, etc. Todos temos de estar unidos e ganhar. E se perdermos, que seja de pé! Mas, repito, há coisas incomparavelmente mais importantes neste país que o futebol. Incomparavelmente mais importantes¿ Infelizmente! Aproveito esta oportunidade para desejar a todos os treinadores portugueses, aos que estão em Portugal e aos muitos que já trabalham em tantos países de diferentes continentes, uma época com poucas tristezas e muitas alegrias.

Ao Xico Silveira Ramos, manifesto-lhe a minha confiança no seu cargo de Presidente da ANTF.

Um abraço a todos,

José Mourinho

Jovens Promessas

Fernando Muslera, actualmente na Lazio.

Nome: Fernando Muslera
Nacionalidade: Uruguai
Idade: 24 anos (1986-06-16)
Clube: Lazio
Posição: Guarda-redes
Altura: 1.90m
Peso: 77 kg

Muslera iniciou a sua carreira profissional no Montevideo Wanderers, em 2004. Após exibições recheadas de qualidade com a camisola do Wanderers, o Nacional de Montevideo optou por contratar este jovem guarda-redes em 2006 a título de empréstimo. Apesar de ter jogado pouco pelo Nacional, a sua qualidade saltou de imediato à vista e despertou o interesse de grandes clubes como o Benfica, Juventus, Lazio, Arsenal, entre outros. Este uruguaio de 24 anos foi contratado pela Lazio no Verão de 2007, a equipa italiana pagou 3 milhões de euros pelo passe do jogador! A melhor exibição que pude assistir de Fernando Muslera foi em 2009, na Supertaça Italiana jogada em Pequim, numa vitória por 2-1 frente ao Inter de José Mourinho, onde o uruguaio "deu" claramente a vitória à sua equipa com uma mão cheia de fantásticas defesas!

Óscar Tabárez, seleccionador do Uruguai, confia a 100% neste guarda-redes. No Mundial 2010, ele brilhou na baliza do seu país e foi um dos grandes pilares da "selecção-surpresa" que conseguiu alcançar o 4º lugar na competição. Muslera é muito bom no jogo aéreo, veloz a atacar a bola, fora ou entre os postes, e revela uma grande segurança. Os seus reflexos são fantásticos e a sua elasticidade é algo invulgar! Ele teve uma ascensão muito rápida na carreira, fruto do seu enorme potencial. Só mesmo para terminar, gostaria de acrescentar uma pequena curiosidade, o aniversário de Muslera coincidiu com o segundo jogo do Uruguai no Mundial frente à África do Sul e Tabárez ofereceu-lhe a melhor prenda possível, a titularidade!

Uma Década de conquistas especiais

Sinto-me um privilegiado por viver na era José Mourinho!

Dez anos de José Mourinho são, obrigatoriamente, dez anos especiais recheados de conquistas. José Mário dos Santos Mourinho Félix nasceu em Setúbal a 26 de Janeiro de 1963 e é filho de um ex-guarda-redes português, Félix Mourinho. José Mourinho nunca conseguiu seguir uma carreira de futebolista como o pai, teve algumas tentativas mal sucedidas em clubes menores, mas desde muito cedo mostrou uma habilidade inata para organizar e preparar os relatórios das equipas do pai. Em meados da década de 90, foi contratado para trabalhar com o técnico inglês Bobby Robson, no Sporting Clube de Portugal. Mourinho ganhou aí a alcunha de Tradutor e manteve-se o braço direito do treinador inglês quando ele se mudou para o FC Porto e mais tarde para o Barcelona. No dia 20 de Setembro de 2000, há exactamente 10 anos, surgiu a oportunidade de treinar uma equipa portuguesa, foi o escolhido para comandar o Sport Lisboa e Benfica após a 4ª jornada da Liga Portuguesa. Quando José Mourinho começou a conquistar os adeptos benfiquistas (especialmente depois da vitória contra o rival Sporting por 3-0) houveram eleições no Sport Lisboa e Benfica. Mudou a presidência de João Vale e Azevedo para Manuel Vilarinho. Mourinho saiu assim do Benfica, mas ainda durante essa época assumiu o comando da União de Leiria, onde se manteve até Janeiro de 2002.

Nesse mês, foi escolhido para substituir Octávio Machado no comando técnico do FC Porto e à chegada Mourinho prometeu com invulgar certeza o título na época seguinte. Com o rigor táctico, a paixão, a organização e a determinação de Mourinho o Porto cresceu em Portugal e na Europa. Em dois anos venceu duas competições europeias – Taça UEFA contra o Celtic de Glasgow e Liga dos Campeões contra o Mónaco – e os dois campeonatos nacionais. Após o seu brilhante trabalho no Porto, Roman Abramovich, presidente do Chelsea, decidiu contratá-lo em Junho de 2004 e José Mourinho tornara-se assim um dos treinadores mais bem pagos do Mundo, ganhando cerca de 6 milhões de € por ano. A 30 de Abril de 2005, Mourinho fez história, sagrando-se campeão inglês após vencer o Bolton por 2-0. O Chelsea não ganhava a Premier League há 50 anos. Apesar de tudo isto, para muitos, Mourinho ficou assombrado pelo dilema da Champions League, uma vez que o técnico português foi eliminado por duas vezes nas meias-finais da competição frente ao rival Liverpool, em 2004/2005 e em 2006/2007. Já em 2005/2006 caiu aos pés do gigante Barcelona nos oitavos-de-final numa eliminatória recheada de polémica. Mesmo assim e na minha opinião, é notável todo o seu trajecto na Champions desde o FC Porto até agora. A 20 de Setembro de 2007, José Mourinho e o Chelsea chegaram a mútuo acordo para a rescisão de contrato. Apesar disso, a sua popularidade no clube londrino é tal que ainda hoje, em Stamford Bridge, vê o seu nome entoado em cântico, não sendo raro Mourinho ser clamado para regressar ao clube inglês!

Após algumas semanas em que circularam rumores de que seria treinador do Inter de Milão, a sua contratação foi oficializada a 2 de Junho de 2008. De salientar um aspecto curioso relacionado com a apresentação do "special one" no Inter: Mourinho não quis dizer que era especial. Antes quis realçar que quem era verdadeiramente especial era o próprio Inter, lembrando para isso a grande importância que o clube detém na história do futebol, ao contrário do Chelsea, o seu anterior clube. Em Itália, Mou ganhou tudo o que havia para ganhar e no dia 22 de Maio de 2010 conquistou a Champions League pela segunda vez na sua carreira, vencendo na final o Bayern Munique de Van Gaal por 2-0. José Mourinho tornou-se assim o primeiro treinador de sempre a fazer o “triplete” por duas vezes, ou seja, vencer o Campeonato Nacional, a Taça e uma Competição Europeia. Na época 2002/2003, com o FC Porto, conquistou a Liga Portuguesa, a Taça de Portugal e a Taça UEFA e na época 2009/2010, com o Inter de Milão, ganhou o Campeonato Italiano, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões! Actualmente, o treinador português vai encantando no Santiago Bernabéu, mostrando que em apenas dez anos a sua ascensão foi meteórica. Só a título de curiosidade, na sua infância José Mourinho baptizava os seus cães com nomes de jogadores de futebol. Um deles recebeu o nome do lendário jogador holandês Ruud Gullit.

Ser o melhor é ganhar 17 troféus em dez anos de trabalho, é estar frequentemente no centro das atenções. É, fundamentalmente, ser diferente de todos os outros!

Palermo, uma equipa misteriosa

Javier Matías Pastore, o patrão de Palermo

O Sparta de Praga iniciou, esta quinta-feira, o seu percurso no Grupo F da Liga Europa da melhor maneira, vencendo o Palermo por 3-2. Praga é a capital da República Checa e foi também, no dia de ontem, a capital da injustiça para Javier Pastore e os seus companheiros. A primeira parte do jogo acabou por ser minimamente equilibrada, sendo que o Sparta teve um ligeiro ascendente, uma vez que a equipa italiana utilizou por diversas vezes o passe longo em busca de Abel Hernandez ou Maccarone nas costas dos defesas contrários, tornando assim o seu processo ofensivo demasiado previsível. Já no segundo tempo, o rumo dos acontecimentos sofreu significativas alterações e a formação orientada por Delio Rossi assumiu, verdadeiramente, o controlo do jogo e teve à sua disposição imensas oportunidades para marcar. Infelizmente, não conseguiu ser eficaz e acabou por sofrer dois golos quase seguidos, uma injustiça mesmo ao jeito do imprevisível desporto rei!

Falando um pouco mais sobre as duas equipas, posso dizer que do lado da formação checa e não me querendo alongar muito sobre ela, Kladrubský esteve bastante endiabrado durante todo o encontro e demonstrou ser uma peça chave nos desequilíbrios da equipa. Já do outro lado, há um argentino de nome Javier Pastore cuja qualidade é proporcional ao seu tamanho. O seu toque de bola requintado está num outro patamar e o argentino é, de longe, o melhor jogador da sua equipa, ele carrega o seu Palermo às costas. Sinceramente, Pastore merecia pisar outros relvados, relvados esses que estivessem associados a uma Champions League e não a uma Liga Europa! O 4x1x3x2 da equipa italiana é bastante dinâmico, mas o seu bloco médio-baixo pecou um pouco na coesão e os demasiados espaços deixados entre-linhas foram a grande consequência dessa mesma lacuna. Esta equipa tem sempre no seu lateral-esquerdo, Federico Balzaretti, uma hipótese fortíssima para o início da construção dos seus ataques. É necessário também referir que Pastore e Balzaretti demonstraram um grande entendimento, dado que o médio-ofensivo descai, preferencialmente, para o flanco esquerdo e aí entende-se às mil maravilhas com o lateral. Com as jogadas rápidas e eficazes de entendimento entre os dois os desequilíbrios são facilmente criados e a equipa adversária fica, automaticamente, desorganizada defensivamente!

Que espectáculo em pleno Estádio do Dragão

Quando a confiança está no TOPO torna-se mais fácil conjugar o verbo ganhar

O encontro de ontem à noite, onde o FC Porto venceu o Braga por 3-2, só pecou por uma coisa. Ter durado somente noventa minutos, uma vez que foi muito mais do que um simples jogo de futebol, foi um espectáculo recheado de emoção e qualidade. Sinto-me um privilegiado por poder ter assistido ao vivo a este magnífico jogo. Acho importantíssimo realçar, antes de tudo, o aspecto emocional da equipa portista, TODOS acreditaram até ao fim que era possível alcançar a felicidade, vencendo o encontro, e só assim se consegue atingir os objectivos mais complicados, acreditando cegamente nas nossas competências! Para quem assistiu ao jogo e para quem reparou na forma como os jogadores do Porto reagiram aos dois golos sofridos penso que estiveram sempre cientes de que esta equipa iria sair daquele estádio com os três pontos, quando os índices de motivação e confiança estão bem lá em cima, como é o caso, tudo parece ficar mais simples. Muito mais do que jogar bem, o FC Porto possui uma inteligência emocional espantosa e isso foi fundamental no jogo de ontem! Passando à equipa comandada por Domingos Paciência, posso afirmar que é, na minha opinião, um candidato ao título, marcar dois golos no Dragão, estando por duas vezes a vencer, bater-se de igual para igual no estádio de uma equipa tão motivada como é a de Villas-Boas, dosear na perfeição o tempo para defender ou para explodir em contra-ataque são, de facto, motivos mais do que evidentes para os adeptos bracarenses sentirem orgulho e acreditarem que é possível alcançar o título! Mas, acima de tudo, penso que algo extraordinário e muito difícil de se ver no futebol actual é mesmo a eficácia desta equipa minhota. Não precisa ter muitas oportunidades de golo para marcar, se tiver 4 ou 5 por cada jogo pode muito bem fazer 2 ou 3 golos e isso é algo que encanta qualquer treinador!

A lição foi bem estudada por Domingos Paciência e o Braga esteve organizado a nível defensivo, defendendo quase sempre com todos os jogadores no seu meio-campo, com Luís Aguiar muito próximo de Lima, juntamente com Alan e Paulo César a formarem uma linha de quatro homens na pressão ao início do processo ofensivo portista, cortando quase todos os espaços. Com isto foi bem visível a dificuldade para a equipa orientada por André Villas-Boas conseguir sair a jogar de forma rápida e segura, nem mesmo a descida de João Moutinho para romper a primeira linha de pressão bracarense era suficiente. Sendo assim, foi possível observar Rolando a assumir as responsabilidades no início da construção e, infelizmente para o Porto, o primeiro passe do internacional português saía quase sempre mal! Mas se o colectivo não funciona tão bem é necessário recorrer às individualidades e aí é Hulk que aparece na maioria das vezes. Este jogador brasileiro é o jogador do onze inicial portista mais “contra o colectivo”, mas quando tem espaço para embalar é bastante difícil pará-lo, pois a requintada técnica aliada à sua velocidade estonteante levam muitos dos seus adversários à insanidade mental. Mesmo assim, acho importante abordar o facto da pouca inteligência no seu jogo, por vezes fiquei a pensar até que ponto o encontro de ontem não seria “Hulk VS Braga”. Levantar a cabeça, entender que o seu companheiro de equipa tem mais facilidade para o remate do que ele e perceber até que ponto o passe não será melhor do que o drible ou o remate são, como é óbvio, coisas pouco complicadas, mas que Hulk ainda sente algumas dificuldades em entender. Não obstante do seu ENORME potencial!













O Braga não tem como princípio do seu jogo chegar em organização à baliza adversária, não quer nem precisa de muita circulação para conseguir tal coisa, aposta na objectividade e na velocidade. Para isso, possui Leandro Salino e Alan, dois especialistas a iniciarem ataques rápidos, sabem quando devem continuar velozmente em posse ou então quando devem fazer o passe longo, aproveitando a velocidade dos seus colegas de equipa. Para terminar, acho importante realçar a qualidade do avançado da equipa da casa, Radamel Falcao não marcou nenhum golo ontem à noite, mas foi tão ou mais importante do que Varela ou Hulk. A maneira como ele consegue escapar aos seus adversário é impressionante e é, ao contrário de Hulk, um jogador que potencia e de que maneira o colectivo. A sua inteligência demonstrada em alguns pormenores no encontro de ontem, como por exemplo no lance do remate de Ruben Micael por cima. Grande parte dos avançados naquela situação recebiam a bola e tentavam de imediato o remate. O colombiano não, reparou que tinha o Ruben a entrar nas suas costas e deixou a bola passar para o português fazer o remate, foi pena a bola ter ido por cima, mas ficou a intenção de Falcao, demonstrando mais uma vez que o seu egoísmo típico de um avançado é bastante reduzido, potenciando com isso o JOGAR da sua equipa! A meu ver, Radamel é o melhor avançado da Liga Portuguesa e um dos melhores a jogar na Europa, é quase perfeito na recepção e na condução da bola, afinal… o incrível nasceu na Colômbia!

O final de um ciclo, capítulo Carlos Queiroz

Será que era no seleccionador que habitava o problema?

Concordando ou não com o despedimento, penso que é obrigatório falar um pouco dos últimos anos da nossa equipa lusa, desde Scolari a Queiroz! Carlos Queiroz levou-nos ao Mundial 2010 na África do Sul, primeiro objectivo cumprido. Empatamos a zero com um sempre muito poderoso Brasil na fase de grupos, acabando assim por passar aos Oitavos, segundo objectivo cumprido. Aí, caímos aos pés da Espanha que, curiosamente, é agora a Campeã do Mundo. O ex-seleccionador nacional apresentou resultados sim, não apresentou foi excelentes resultados, mas também não se pode pedir tal coisa quando a diferença de qualidade entre algumas selecções é digna de referência! A forma como ele colocou algumas peças dentro do terreno de jogo e a maneira como encarou o encontro com a Espanha é sempre questionável, mas ele não merecia ter sido tratado assim, não só pelo que já fez pelo futebol português, mas também pelo que representa no estrangeiro, ele é uma grande referência do futebol nacional em vários países e já conquistou títulos bem importantes! Vendo bem a nossa formação, com um meio-campo tão pouco competente e sem um lateral-direito e um ponta-de-lança à altura de uma fase final de um Campeonato do Mundo não há equipa que resista a muito mais.

Queiroz não é o melhor do Mundo nem dos melhores do Mundo como é óbvio! Mas analisando friamente, a nossa selecção a nível de talentos individuais e de processos adquiridos (via clubes) está uns degraus abaixo da que chegou à final do Euro 2004 por exemplo, portanto não é legítimo pedir a Queiroz o mesmo que se pediu a Scolari! Costinha, Maniche e Deco jogavam quase de olhos fechados no meio-campo do FC Porto de José Mourinho e na selecção portuguesa de Scolari. Já para não falar que jogadores como Rui Costa, Pedro Pauleta, Luís Figo, João Vieira Pinto não voltam mais e há que ter consciência do que temos AGORA e do potencial que outras selecções têm também! Olhando, por exemplo, para a selecção espanhola é fácil de entender que a dinâmica utilizada é a dinâmica de um Barça de Guardiola quase imbatível e com princípios e sub-princípios de jogo mais do que assimilados! Neste último Mundial, tivemos em Cristiano Ronaldo, Pepe e Ricardo Carvalho os únicos com o rótulo de "jogador TOP", sendo que depois apareceram duas “surpresas”: Eduardo e Fábio Coentrão! Comparar isto a Xavi, Iniesta, Pedro, David Villa, Fernando Torres, Sérgio Ramos, Piqué, entre outros, é como comparar UHF a Coldplay, algo impensável!

Infelizmente, vai ser bastante difícil voltarmos a viver este tipo de emoções num futuro próximo!

Jovens Promessas

Neven Subotic, actualmente no Borussia de Dortmund.

Nome: Neven Subotic
Nacionalidade: Sérvia/Estados Unidos
Idade: 21 anos (1988-12-10)
Clube: Borussia de Dortmund
Posição: Defesa-Central
Altura: 1.93m
Peso: 85 kg

Neven Subotic nasceu numa pequena aldeia perto de Banja Luka na Bósnia, ainda com cinco anos mudou-se com a sua família para a cidade de Schomberg, na Alemanha. Ele começou a jogar futebol com sete anos no TSV Schwarzenberg, até que em 1999 voltou a mudar de residência, agora para os Estados Unidos, mais especificamente para Salt Lake City. Neven foi observado por técnicos dos EUA e integrou a equipa nacional Sub-17, onde foi visto por olheiros de uma equipa alemã, o Mainz. O sérvio foi submetido a alguns testes por parte da equipa técnica e depois de os ter impressionado com o seu poderio físico e com todas as suas interessantes características acabou por ser contratado! Após dois anos no Mainz, o Borussia de Dortmund antecipou-se a vários clubes e conseguiu adquirir este excelente jogador.

Uma das grandes promessas no que diz respeito a defesas-centrais do universo futebolístico, Neven Subotic é um central sérvio de 21 anos com um físico assustador, digno de referência (1,93m e 85 kg). Este jovem central é muito rápido no desarme e muito forte no jogo aéreo, dando uma maior segurança nas bolas paradas defensivas e criando desequilíbrios nas bolas paradas ofensivas! Subotic joga com o pé direito e tem uma enorme capacidade para se antecipar aos seus adversários. Actualmente, brilha de forma imperial na defesa do Dortmund e juntamente com Nemanja Vidic forma uma temível dupla de centrais na selecção sérvia. Tenho a certeza que daqui a um ou dois anos no máximo, este jovem jogador irá estar a jogar num outro clube com um patamar de qualidade superior, não menosprezando com isto o Borussia nem o futebol alemão como é óbvio!

Portugal sofre quatro golos do Chipre, inaceitável

O que já era esperado aconteceu, o piloto automático deu erro

A nossa selecção empatou 4-4 com o Chipre, um resultado vergonhoso como é óbvio, dado que nós possuímos jogadores muito mais evoluídos a todos os níveis e estamos noutra dimensão futebolística, mas os números do marcador são, de facto, MUITO preocupantes! Apesar do resultado, é preciso também realçar que a nossa selecção não teve a sorte do jogo e que podia ter ganho o desafio com naturalidade e justiça, mas marcar quatro golos a uma selecção como o Chipre e não vencer o encontro é, no mínimo, inaceitável! Os jogadores portugueses tiveram os seus índices de concentração baixíssimos na maior parte do tempo no jogo desta noite, só assim se explicam os quatro golos sofridos frente a um adversário como o Chipre. Os cipriotas raramente conseguiram chegar à baliza portuguesa em organização, os contra-ataques com as bolas a surgirem nas costas da defesa da nossa selecção são o prisma atacante da selecção cipriota e são neles que assenta a única arma ofensiva do nosso adversário desta noite. E aqui sim, entram dois factores muito importantes para explicar os quatro golos sofridos: o primeiro baseia-se na desconcentração nada comum na equipa portuguesa e que resultou em erros infantis de jogadores que não os costumam cometer, o segundo assenta nas transições defensivas péssimas da selecção nacional, tendo em conta que a velocidade imprimida pelos cipriotas não deveria ter incomodado tanto esta formação como incomodou! Já Ricardo Quaresma teve de esperar por lesões alheias para comprovar que é o português mais inspirado do momento, apesar de todo o seu temperamento.

A colocação de Manuel Fernandes deixa-me, verdadeiramente, a pensar se Miguel Veloso ou mesmo João Moutinho não seriam melhores soluções, pensando que no 4x2x3x1 a dupla de médios à frente da defesa necessita de velocidade no pensamento e na execução, reactividade, e bom sentido posicional, algo em que Manuel Fernandes não é, claramente, forte. Apesar do seu grande golo de fora da área, nada disto consegue ser colmatado, pois as suas características e a sua passividade prejudicaram o funcionamento defensivo e ofensivo da equipa. Quanto ao nosso lateral-direito, Miguel ou Sílvio? Penso que é mais do que óbvia a falta de forma do jogador do Valência e o grande momento do jovem bracarense, talvez a sua inexperiência e o seu nervosismo admitido fez o técnico pensar duas vezes. Necessário também é realçar o facto da dinâmica ofensiva da equipa ter sido boa, com a bola a correr o campo todo numa circulação segura e rápida, criando bastantes desequilíbrios na zona de pressão cipriota, admitindo também que a basculação defensiva do nosso adversário foi quase sempre feita de forma péssima. Mas acima de todas as opções técnicas, é extremamente importante destacar a intranquilidade e a enorme pressão que os jogadores de Portugal demonstraram, fruto do ambiente complicado e angustiante que se tem sentido nos últimos tempos no ceio da nossa selecção, algo que eu prefiro nem abordar, pois a cobardia de alguns membros da Federação é lamentável!

Real Madrid tem quase tudo, falta o mais complexo: ganhar!

Eis a questão: Treinar galácticos ou ser treinado por um galáctico?

Maiorca é a estreia da super produção de José Mourinho que tem como principal objectivo vencer o Barcelona de Pep Guardiola. Finalmente, vai começar hoje o campeonato para os madrilenos, que já sabem que qualquer erro será sempre incompreensível para o público em geral. O Estádio Ono tornou-se no Estádio Iberostar e revela o seu nome para receber a visita da "Mou Team". O coliseu vermelhão, apesar da mudança de nome, permanecerá sempre com a mesma dimensão, neste estádio, na última temporada, houve um terramoto por causa de um animal futebolístico chamado Cristiano Ronaldo, marcou três golos no seu único hat-trick pelo Real Madrid até agora. O Maiorca voltou a ser reinventado, já faz parte da história. Gregorio Manzano já não está mais sentado no banco, agora é Michael Laudrup que assume todas as responsabilidades. Saíram da equipa jogadores como Aduriz, Borja Valero, Bruno China, Mario Suarez, entre outros, mas esta equipa continua viva e pronta para estragar o início de época dos galácticos de José Mourinho!

Sergio Canales será titular no jogo de hoje, dado que Mourinho é indiferente à sua tenra idade, 19 anos, e ao seu "baixo" preço, 4,5 milhões de euros, algo que me parece, indiscutivelmente, muito bem! O jovem médio-ofensivo será titular em Maiorca e o técnico português até aproveitou a situação para assegurar que não é o preço que garante um lugar no onze. "O Canales vai jogar. Foi quem trabalhou mais tempo com a equipa. Chegou em perfeitas condições. Está a trabalhar bem. Comigo não joga quem tem mais prestígio, quem custou mais dinheiro ou quem chegou a meu pedido. É uma mensagem positiva para o plantel: gosto de todos e confio em todos", disse o técnico português, dando motivação e confiança à equipa! Os alemães Khedira e Özil foram pedidos expressos do treinador luso, mas o mesmo Mourinho afirmou que ainda não havia uma suficiente adaptação por parte dos dois jogadores, tanto idiomática como futebolística. Özil deverá ficar no banco de suplentes, mas Khedira, um box-to-box possante e talentoso, deverá fazer dupla com Xabi Alonso à frente da defesa. Admitindo também que esta dupla não está a fazer tudo o que podia e devia, poderá sempre surgir Lassana Diarra a titular, enviando para o banco o alemão ou o espanhol. Estas dúvidas todas são fruto da chegada de novos jogadores, de um novo treinador e, portanto, de novos métodos e rotinas!

Na minha opinião, o técnico português deverá alinhar em 4x2x3x1 com Casillas na baliza, Marcelo a lateral-esquerdo, este brasileiro é fantástico nas transições ofensivas, já em organização defensiva não é tão forte. Sérgio Ramos e Ricardo Carvalho a centrais, uma dupla que promete muito e que poderá atingir um patamar de qualidade elevadíssimo, e Arbeloa como lateral-direito. À frente da defesa, uma dupla de médios formada por Xabi Alonso e Khedira, aqui reside a minha maior dúvida no onze madrileno, pois o bom funcionamento desta parelha de médios é fundamental num sistema em 4x2x3x1. É necessário que eles joguem quase de olhos fechados ao lado um do outro, algo que é impossível com tão pouco tempo de trabalho, o prisma de pensamento dos dois médios deve ser: quando um sobe no terreno para abrir espaços na equipa adversária o outro deverá ficar mais recuado, equilibrando a equipa e potenciando uma transição ataque-defesa segura! Uma equipa a actuar como um bloco é mesmo isto, muito mais do que atacar e defender unida e coesa, como um bloco, é preciso pensar como tal, pensar primeiro no que a equipa necessita em cada momento do jogo e só depois executar, aqui entra a fadiga mental no futebol e só se existir uma grande motivação e ambição ela será ofuscada! Dí María, Sergio Canales e Cristiano Ronaldo deverão jogar mais à frente no terreno, sendo que a grande referência no ataque será Gonzalo Higuaín, um quarteto espantoso e reactivo, capaz de desmontar uma equipa inteira com uma jogada genial!

Até onde podem ir os guerreiros do Minho?

A inteligência emocional bracarense pode ser o segredo para o apuramento

Arsenal, Shakhtar Donetsk e Partizan de Belgrado são os adversários do Sp. Braga no grupo H da Liga dos Campeões. A equipa de Wenger parte, naturalmente, como favorito do grupo, com o Shakhtar e o Braga a disputarem a outra vaga que resta, sendo que o Partizan poderá ter também algo a dizer! A equipa inglesa tem em Cesc Fabregas, Van Persie, Marouane Chamakh e Arshavin os seus principais destaques individuais e são eles que potenciam uma dinâmica ofensiva encantadora para os adeptos do bom futebol. Arséne Wenger anda também a lapidar duas pérolas inglesas, Theo Walcott e Jack Wilshere, jogadores que chegaram ao clube com o rótulo de jovens promessas, mas que para se tornarem jogadores completos no futuro necessitam de encontrar técnicos como este francês! A zona mais fraca desta equipa é o sector defensivo, que foi reforçado esta semana com a contratação do central Squillaci ao Sevilha. Clichy e Sagna são dois laterais muito ofensivos, evoluídos tecnicamente, mas que, por subirem demasiadas vezes no terreno, desequilibram a equipa na transição defensiva. Mas o maior problema está mesmo na baliza, onde Almunia e Fabianski continuam a não inspirar qualquer tipo de confiança!

Passando ao "adversário directo" da equipa portuguesa, posso dizer que o Shakhtar Donetsk é rei e senhor na Ucrânia, esta equipa possui excelentes jogadores, Pyatov é o guardião, Dmytro Chygrynskiy o defensor, Alex Teixeira o acelerador, Jadson o criativo e Luiz Adriano o finalizador. É também preciso uma especial atenção aos lances de bola parada quase sempre cobrados pelo croata Darijo Srna, o seu compatriota Eduardo da Silva é também uma ameaça para a baliza adversária. A equipa orientada pelo romeno Mircea Lucescu, vencedores da Taça UEFA em 2008/2009 é, sem qualquer dúvida, um adversário dinâmico, ofensivo e que não tem medo de jogar no meio-campo adversário, tal como se viu na Supertaça Europeia do ano passado frente ao Barcelona, onde foi necessário prolongamento para a equipa de Guardiola levar o troféu para casa. A equipa bracarense deverá utilizar da melhor forma possível os seus ataques rápidos contra esta equipa, tal como fez com o Sevilha, uma vez que o Shakhtar gosta de se balancear para o ataque, podendo como é óbvio matar o jogo ou ser surpreendido pelo adversário. Sinceramente, penso que este estilo de jogo agrada a Domingos Paciência e aos seus guerreiros!

Em relação ao Partizan, tenho que realçar o excelente patriotismo existente, a grande maioria dos jogadores são sérvios, mas são também uns desconhecidos para o público em geral. Para além do português Moreira, a equipa treinada por Aleksandar Stanejovic tem como destaques o brasileiro Cléo e os internacionais sérvios Ivica Iliev e Sasa Ilic. Esta formação é também possuidora dos adeptos mais fervorosos da Europa, algo que nem sempre termina bem. O guarda-redes Stojkovic, emprestado pelo Sporting, poderá também dar uma boa ajuda a esta equipa que tem no seu 4x4x2 organização e muita determinação. A equipa sérvia joga, preferencialmente, neste sistema táctico e tem no ataque, com Iliev mais solto e Cléo mais posicional, a sua grande arma para conseguir desequilibrar e causar uma pequena surpresa na edição deste ano da Champions League!

(A dinâmica ucraniana)

Um grupo difícil, mas bem ao nível das águias

Três equipas equilibradas e um perigoso outsider

O grupo B da Liga dos Campeões é constituído por Lyon, Benfica, Schalke 04 e Hapoel Telavive. Parece ser um grupo acessível para os encarnados, mas na verdade não o é. Algo importante num sorteio para uma equipa que está colocada no pote 2 é sempre esperar que a qualidade da equipa do terceiro pote não seja semelhante ou superior à sua e, analisando friamente, do pote 3 só Ajax, Tottenham e Schalke estão num patamar igual ou superior ao do Sport Lisboa e Benfica! Vendo por este prisma, posso afirmar que a equipa de Jesus teve muito azar nesse adversário, dado que, para além da grande qualidade do plantel e do gigantíssimo orçamento da equipa germânica, no banco de suplentes está um homem chamado Felix Magath, um treinador excelente, muito experiente e que, entre outros títulos importantes, levou o Wolfsburgo à conquista da Bundesliga em 2008/2009!

Esta equipa alemã, no sector mais recuado, possui um guarda-redes muito seguro que inspira confiança, Manuel Neuer, e um central com a categoria de Metzelder, muito determinado e forte fisicamente. Mais à frente no terreno há Rakitic, este croata habilidoso é o que mais desequilibra individualmente nesta equipa de Magath e é ele o especialista nas bolas paradas. No ataque, existem nomes como Farfán, Edu e Raúl González, um tridente ofensivo carregado de magia e eficácia, duas coisas fundamentais quando o que se pretende são golos! Passando agora ao cabeça-de-série deste grupo, o Lyon. Esta equipa orientada por Claude Puel fez uma excelente Liga dos Campeões no ano passado, chegando às meias-finais da mesma, deixando pelo caminho Real Madrid e Bordéus. Hugo Lloris, Reveillere, Toulalan, Pjanic, Michel Bastos, Yoann Gourcuff, contratado há uns dias ao Bordéus, Jimmy Briand, Gomis e Lisandro López são os nomes mais sonantes duma equipa que se destaca pelo seu grande colectivo e por toda a garra que demonstra durante todos os 90 minutos.

Deixo só um especial destaque a Toulalan, um médio-defensivo capaz de jogar em várias posições e que denota um talento especial para ocupar racionalmente os espaços, e a Lisandro López, um avançado guerreiro que encanta qualquer massa associativa com a sua intensa e bela forma de jogar! Em relação ao adversário, teoricamente, mais fraco do grupo, posso dizer que será complicado vencê-los em casa. Telavive tem um ambiente complicadíssimo e o 12º jogador lá poderá fazer toda a diferença, mesmo tendo em conta que será a primeira vez que esta equipa disputa uma fase de grupos da Liga dos Campeões. As duas grandes estrelas dos israelitas são o guarda-redes internacional nigeriano Vincent Enyeama e o avançado Ben Sahar, que esteve com José Mourinho no Chelsea, ele é uma promessa do futebol do seu país e é a grande referência desta equipa no ataque! Eli Guttmann de 52 anos é o treinador e seria fantástico se ele conseguisse o 3º lugar no grupo e o respectivo apuramento para a Liga Europa, algo que eu considero, no mínimo, bastante difícil!

(A teia de Magath)

Jovens Promessas

Alex Teixeira, actualmente no Shakhtar Donetsk.

Nome:
Alex Teixeira

Nacionalidade: Brasil
Idade: 20 anos (1990-01-06)
Clube: Shakhtar Donetsk
Posição: Extremo-Esquerdo
Altura: 1.73m
Peso: 68 kg

Alex Teixeira Santos nasceu no dia 6 de Janeiro de 1990, é um futebolista brasileiro explosivo e recheado de talento que actua, preferencialmente, como extremo-esquerdo. Actualmente, defende as cores do Shakhtar Donetsk. Alex iniciou a sua carreira nas categorias da formação do Vasco em 1999, ele tem despertado a atenção de grandes clubes desde muito cedo por ter sido considerado revelação mundial pela FIFA em 2008. Alex Teixeira é um jogador com muito potencial, na condução e no domínio de bola ele é simplesmente fantástico, capaz de desequilibrar a defesa adversária sozinho. A irregularidade que Alex denota em algumas partidas é normal, ele subiu na sua carreira muito rapidamente e contou sempre com muitas expectativas a seu redor.

Na época passada, o internacional canarinho sub-20 assinou um contrato válido por cinco épocas pelo Shakhtar. A sua transferência custou cerca de seis milhões de euros aos cofres da equipa ucraniana. Este jovem é um futebolista que possui uma enorme qualidade técnica, velocidade e um forte remate de pé direito que o utiliza por diversas vezes nas diagonais brilhantes que consegue fazer. Este destro pode jogar nos dois flancos, mas prefere a faixa esquerda, potenciando assim estes movimentos na diagonal, fazendo lembrar Arjen Robben, um esquerdino que brilha no flanco direito. Na minha opinião, estamos perante uma verdadeira jovem promessa que merece muito mais do que um simples campeonato ucraniano!

Um Braga de luxo

A humildade portuguesa ofuscou a arrogância espanhola

O Sp. Braga garantiu nesta terça-feira um apuramento histórico para a fase de grupos da Liga dos Campeões, ao vencer no reduto do Sevilha, por quatro bolas a três. A equipa portuguesa já tinha vencido em casa por 1-0, e na visita a Espanha conseguiu vencer novamente, ainda que tenha revelado alguma intranquilidade no segundo tempo. O Sp. Braga esteve mesmo a vencer por 2-0, com golos de Matheus e Lima. Luis Fabiano e Jesús Navas deram o empate à equipa espanhola, mas Lima ainda foi a tempo de fazer um hat-trick para sentenciar a eliminatória. Kanouté ainda marcou mais um golo para o Sevilha, nos descontos, mas a história estava traçada e o sonho estava cumprido! O sonho é real e, absolutamente, louco! Foi um Braga destemido, com a lição muito bem estudada, com tempo para tudo e que venceu o Sevilha por 4-3! Antonio Alvarez prometeu um Sevilha a deixar a vida em campo, Domingos Paciência prometeu golos. E foram quatro contra três sofridos. Foi um início de jogo bastante tenso e nervoso, tal a ânsia com que o Sevilha atacava e a forma sofrida como a equipa bracarense defendia.

Os arsenalistas aguentaram a pressão e surpreenderam no contra-ataque, demonstrando que no futebol não há vencedores por antecipação, se há realmente qualidade ela deverá ser mostrada dentro das quatro linhas e hoje vimos um Braga muito bem preparado e unido, apesar de ter mostrado um pouco de nervosismo nos minutos finais! Salino, Sílvio, Lima e Matheus, quatro guerreiros que brilharam no jogo desta noite, o primeiro recuperou recuperou e voltou a recuperar bolas naquele meio-campo, Leandro Salino é pequenino, mas enche o campo de uma forma encantadora. O segundo é ainda um miúdo com uma enorme margem para progressos, mas no jogo de hoje parecia um veterano na forma como encarou o seu adversário sem qualquer tipo de medo de errar! Lima e Matheus, os marcadores dos golos, fizeram com que o sonho de uma equipa e de uma cidade se tornasse possível. O enorme Sevilha tornou-se pequeno aos pés da equipa de Domingos, pois existiu uma enorme garra por parte de todos e isso é fundamental quando se quer atingir o sucesso. Venceu a equipa mais humilde, unida, determinada e a que foi exemplar na estratégia a seguir!

Jovens Promessas

Toni Kroos, actualmente no Bayern de Munique.

Nome: Toni Kroos
Nacionalidade: Alemanha
Idade: 20 anos (1990-01-04)
Clube: Bayern de Munique
Posição: Médio-Ofensivo
Altura: 1.82m
Peso: 71 kg

Toni Kroos nasceu na antiga Alemanha Oriental, ele começou nos juvenis do clube da sua cidade, o Greifswalder, em 1997, permanecendo até 2002. Nos quatro anos seguintes esteve nos juvenis do Hansa Rostock e após esse período passou a integrar os juniores do Bayern Munique, ou seja, em 2006. No principal clube alemão, ganhou o lugar na equipa principal a partir da temporada 2007/2008 com apenas 17 anos. Na sua estreia na Bundesliga, no dia 26 de Setembro de 2007, contra o Energie Cottbus, este jovem alemão fez duas assistências para dois golos do seu compatriota Miroslav Klose! No Mundial Sub-17 de 2007, foi eleito o melhor jogador da competição. Kroos durante a época passada esteve no Leverkusen, mas agora voltou novamente a casa para ficar às ordens de Louis Van Gaal, esperemos que desta vez seja em definitivo!

Toni Kroos é muito mais do que um simples médio-ofensivo, este alemão gosta de recuar no terreno, ajuda a sua equipa a defender e se possível faz o desarme e sai com a bola a jogar de forma rápida criando com isso bastantes desequilíbrios na transição ataque-defesa do adversário. A sua requintada técnica e os seus fabulosos remates são as características que saltam de imediato à vista de todos! Destro e forte fisicamente, este germânico gosta de fazer diagonais para o centro do terreno, partindo de uma faixa em posse ou a tabelar com um companheiro de equipa. Com apenas 20 anos foi ao Mundial 2010 na África do Sul, onde alinhou em quatro partidas como suplente utilizado, jogou apenas 56 minutos durante toda a competição. Isso é facilmente explicado pelo facto da concorrência ter o seguinte nome: Mesut Özil. Este fantástico jogador é um titularíssimo naquela selecção e ninguém tem capacidade para fazer o que ele faz naquele meio-campo!

É necessário encarar o Braga de outra forma

Um Braga diferente, mas com a mesma mentalidade vencedora

No início desta nova época, quase todos diziam que os arsenalistas estavam mais fracos do que na época passada tendo em conta as saídas de Hugo Viana, Eduardo e Evaldo. Mas a equipa de Domingos teve paciência para ouvir todas essas críticas e contratou jogadores como Felipe, Elderson, Leandro Salino, Élton, entre outros, jogadores com um grande potencial e capazes de catapultarem qualitativamente a equipa bracarense! António Salvador conseguiu assim dotar a equipa de mais-valias evidentes, mas a grande mais-valia desta equipa é mesmo o seu treinador. A prova de fogo para Domingos é esta temporada, no ano passado ele foi acusado de ter sido eliminado precocemente da Liga Europa pelo Elfsborg e esse foi sempre um fantasma que o assombrou, para não falar de ter sido acusado de estar a colher os frutos do trabalho de Jorge Jesus! Já este ano, ninguém o pode acusar disso, pois ele está a “reconstruir” uma equipa e já eliminou o Celtic da Champions, podendo estar a caminho de um feito histórico caso elimine o Sevilha. De qualquer maneira, se o Braga for eliminado pela equipa espanhola já ninguém lhe tira o mérito a nível internacional, dado que venceu esta equipa por 1-0 em casa e estará automaticamente na Liga Europa caso perca esta eliminatória!

O Braga de Domingos sonha muito alto desde há muito tempo, dado que é, acima de tudo, uma verdadeira equipa bastante entrosada e unida que percebe sempre muito bem todas as diferentes fases de um jogo de futebol. Defende bem para poder atacar melhor! Um onze bracarense que dará pano para mangas durante a época irá ter Felipe na baliza, um guarda-redes espantoso, vai dar muito que falar com certeza, Sílvio ou Miguel García a lateral-direito, um jovem em ascensão e um Miguel já experiente, mas que não passa de um lateral banal. A dupla de centrais será constituída por Rodríguez e Moisés, uma dupla de centrais seguríssima e inteligente. Em Portugal, neste momento, só David Luiz e Luisão estão neste patamar de qualidade! Na lateral esquerda jogará Elderson, um nigeriano bastante interessante que tem na sua rapidez a grande arma para se destacar. No meio-campo Vandinho e Salino têm lugar cativo, são dois jogadores que compreendem na perfeição a ideia de Domingos, recuam, pressionam, circulam e controlam. Nas alas espero que Domingos coloque Alan e Matheus, dois desequilibradores natos, fundamentais na dinâmica bracarense. Alan é fabuloso e é, para mim, o melhor jogador do Braga e um dos melhores da Liga! Na frente de ataque Élton nas costas de Meyong, uma dupla possante e eficaz, com as segundas bolas a serem ganhas quase sempre por eles. Na minha opinião, o que aconteceu na época passada não deve ser visto como uma excepção à regra, o Braga tem vindo a afirmar-se cada vez mais como um grande do futebol nacional!

Porto confiante, Sporting em busca de uma identidade

O flexível 4x3x3 de Villas-Boas e o cinzento 4x4x2 de Paulo Sérgio

Algo bastante curioso é que, tirando a grande segunda parte de ontem frente ao Beira-Mar, o futebol do Porto não entusiasma, mas, enquanto a forte concorrência se tenta colocar no trilho das vitórias, o FC Porto tem confiança e estabilidade para evoluir e continuar a ganhar. O FC Porto trocou um dos treinadores mais experientes do futebol português – Jesualdo Ferreira – por um dos mais verdes, Villas-Boas, talvez por acreditarem que ali estaria um diamante em bruto pronto a ser lapidado pela qualidade do plantel portista. Quatro jogos oficiais, quatro vitórias, um troféu, que mais lhe poderiam pedir? Agora que alcançou a liderança veremos até que ponto será capaz de a manter até ao final da época, a motivação e a confiança estão no TOPO. João Moutinho, Fernando Belluschi e Radamel Falcao são exemplos claros disso!

A forma como Villas-Boas passa os 90 minutos de pé sempre a gritar para dentro do terreno de jogo diz muito de como o novo treinador do FC Porto tenta construir a sua equipa à imagem de um verdadeiro campeão! Possui um sistema base, o 4x3x3, com Varela e Hulk nas alas para dar a tão importante profundidade, mas quando precisa de algo novo, de um xeque-mate, altera o sistema para 4x4x2 e, por conseguinte, solta uma dupla de ataque que, na maioria das vezes, é e será Hulk-Falcao, deixando um quarteto fortíssimo atrás deles, Fernando/Souza, Guarín/Ruben Micael, Belluschi e João Moutinho. Este ajustamento/aperfeiçoamento táctico inspira a equipa a soltar-se mais e complica a vida ao adversário tendo em conta que este andou quase todo o jogo a “habituar-se” a um 4x3x3 puro e depois vê-se perante um 4x4x2 robusto e explosivo. Mas o melhor desta alteração é que Villas-Boas só muda de sistema durante o encontro, uma vez que consegue entender que a sua equipa já tem uma perspectiva do seu “jogar” que consegue suportar da melhor forma essas mesmas mudanças!

Ontem em Alvalade, conseguiu-se a primeira vitória, mas não foi, de todo, uma vitória convincente e mais do que ganhar este Sporting necessita de tranquilizar a sua massa associativa com boas exibições! O 4x4x2 de Paulo Sérgio é algo angustiante, inconstante e um pouco contra-natura, vermos Matías Fernandez a jogar numa ala, Maniche a ser arrastado para o flanco direito frente ao Brondby e uma dupla de avançados a mudar constantemente não inspira qualquer tipo de confiança, nem mesmo com esta última vitória pela margem mínima! O Sporting que começou a pré-época com excelentes ideias de jogo, entrou na fase mais a sério sem a mesma convicção. A falta de Pedro Mendes, o homem que inicia o processo ofensivo sportinguista, abalou a parelha de médios à frente da defesa. Maniche sentiu a falta do seu parceiro e isso mesmo reflectiu-se no seu futebol e nas suas movimentações.

Quanto a esta dinâmica de habituação a diferentes posições, posso afirmar que não está ao alcance de todos, posso dar o exemplo do alemão Schweinsteiger para se perceber melhor o caso, o germânico começou a jogar futebol como ala puro, depois foi sendo arrastado mais para o meio e no Mundial 2010 na África do Sul formou com Khedira uma grande dupla de médios de transição/sustentação à frente da defesa. Os jogadores fazem a posição, não o contrário. Mas num 4x4x2 clássico Matías não tem como singrar, não tem estofo para aguentar o que o sistema lhe pede, nem como médio-centro nem como ala. Seria bom para ele que eu estivesse enganado, mas, sinceramente, não me parece ser o caso!

Mais do que o sistema, a dinâmica

A equipa só se esquecerá de Di Maria e Ramires quando Jorge Jesus fizer o mesmo

Os campeões nacionais começaram este campeonato da pior maneira possível, em dois jogos contabilizam duas derrotas frente à Académica e frente ao Nacional, adversários que seriam para dar pontos à equipa de Jesus e não para tirar! Mas o mais preocupante destas duas derrotas está no facto do Benfica ser incapaz de reagir a um golo sofrido. É certo que no ano passado os primeiros minutos das águias eram completamente sufocantes e eram quase sempre traduzidos em golos, mas neste início de época não estamos a assistir a tal coisa, talvez porque a instabilidade é muita e a eficácia é pouca! E o mais importante para evoluir é a estabilidade dentro de um balneário. Há um ano o sector mais recuado das águias foi um dos pilares de sucesso, mas se o guarda-redes Roberto não ajudar a segurar a estrutura, esta arrisca-se a desmoronar e por mais golos que se façam na baliza contrária, haverá encontros durante a temporada em que não os sofrer poderá fazer toda a diferença!

Deixar Roberto no banco durante dois ou três jogos, para que este consiga desanuviar e retirar de cima de si toda a pressão que se instaurou a seu redor, parece-me fundamental para que este jovem espanhol não se auto-destrua em definitivo, esta é a minha opinião em relação ao famoso “caso Roberto”! O Benfica entende os 90 minutos do jogo sempre da mesma forma. Jorge Jesus pretende um futebol a um ritmo sempre alucinante, quer marcar golos a cada minuto que passa. Tem, por isso, uma ideia de jogo muito forte, mas ao mesmo tempo muito desgastante a todos os níveis e quando o objectivo assenta em vencer, vencer, vencer, na maioria das vezes quando se sofre o primeiro golo a equipa acaba por entrar num túnel de pessimismo, sendo muito mais complicado para ela entrar novamente no jogo e voltar à ideia do treinador com a mesma confiança!

Perdendo o jogador mais desequilibrador, Di Maria, e o mais equilibrador, Ramires, equilibrador no sentido de dar equilíbrio e consistência à equipa nas diferentes fases do jogo, o futebol entra, obrigatoriamente, noutro prisma, prisma esse que terá de ser compreendido de uma forma diferente por Jorge Jesus! O 4x3x3 da pré-época com Javi, Martins e Aimar no meio-campo e com Jara, Cardozo ou Alan Kardec e Saviola no ataque parece-me uma alternativa saudável tendo em conta a forma como o Benfica encara uma partida de futebol. Franco Jara e Javier Saviola muito móveis e a deambularem na frente de ataque, queimando também as investidas dos laterais contrários, fazendo lembrar Eto’o e Pandev na meia-final da Champions frente ao Barcelona seriam importantes para fazer “esquecer” os desequilíbrios do mago argentino, Di María e os equilíbrios da gazela brasileira, Ramires. Não há clones técnicos, muito menos tácticos, portanto só resta a Jesus compreender que a estratégia a assumir passa por uma dinâmica diferente da do ano passado, muito mais do que um simples sistema onde quem manda são os jogadores e as suas características!

Mourinho, a chave do sucesso individual e colectivo

Júlio César, Maicon, Wesley Sneijder e Diego Milito são os meus favoritos e os que, se houver justiça, vencerão os respectivos prémios da UEFA no dia 26 de Agosto! Foram quatro peças chave num Inter de Mourinho que amedrontava qualquer um com tanta objectividade e organização! O primeiro é um belíssimo guardião, elástico, seguro e extremamente comunicativo, algo que é importante para transmitir confiança à restante equipa. Já o segundo é um lateral diferente de todos os outros que já vi a actuar, o brasileiro de 29 anos é uma preciosidade para qualquer equipa, já sabe de cor o flanco direito de um campo de futebol, se ele estiver dentro das 4 linhas a faixa direita já tem um dono indiscutível!

O holandês da equipa milanesa, Wesley mágico Sneijder, merece ser o melhor jogador da Europa e do Mundo, não só pelo que fez dentro do relvado durante a temporada passada, mas também pelos títulos que arrecadou! Espero, sinceramente, que neste caso haja justiça e que só o nome não chegue para ganhar o prémio, pois se assim for será Xavi ou Messi a vencer, não quero com isto dizer que eles não são excelentes jogadores, bem pelo contrário como é óbvio, mas eu só acho é que este ano quem merece, efectivamente, ser eleito é o pequenote holandês que só é mesmo pequenote em relação a Xavi e Messi em termos de estatuto, pois como jogador está também no TOPO. É uma delícia vermos cada toque que sai dos pés de Sneijder, ele é dos poucos que torna a bola ainda mais redonda do que aquilo que ela é na realidade, ele actua durante 90 minutos sempre ao mesmo ritmo e com os índices de concentração sempre no máximo, algo que me deixa fascinado, para mim vê-lo a jogar é como ouvir Louis Armstrong, uma sensação de puro prazer. Em relação ao último, o argentino que andava esquecido por todos menos por José Mourinho, Diego Milito é um avançado que com dois ou três toques na bola é capaz de fazer golo, tem uma facilidade incrível em arranjar espaço para o remate, isto é fruto da sua técnica e inteligência, algo que foi claramente trabalhado por Mourinho, notou-se uma evolução fabulosa neste jogador de 31 anos. Para finalizar, penso que só fica bem (RE)lembrar o magnífico e super trabalhador técnico português, pois foi ele o realizador deste filme de sucesso que teve como actores principais estes quatro jogadores na época passada!

José Mourinho deixa sempre saudades por onde passa, isso só se torna possível quando se é o melhor!

Onde estás tu, campeão?

Afinal o novo puzzle de Jesus ainda deixa muito a desejar

Na jornada inaugural do campeonato, o Benfica perdeu com a Académica por 2-1 no Estádio da Luz. O golo da equipa do Benfica foi apontado por Franco Jara no segundo tempo, já depois de Miguel Fidalgo ter inaugurado o marcador ainda no primeiro tempo. Quando o árbitro se preparava para apitar para o final, Laionel fez um grande, grande golo. Os encarnados vão assim na sua sexta época sem conseguir vencer na estreia da Liga. O campeão nacional até entrou em campo com uma boa dinâmica e nos primeiros instantes Fábio Coentrão chegou a transmitir uma imagem muito positiva de futebol ofensivo, mas o problema é que o seu companheiro de flanco era César Peixoto, este jogador fez uma exibição para esquecer, os seus passes saíram quase sempre mal, uma coisa incrível, Jorge Jesus tirou-o do terreno ao intervalo e já foi tarde, dado que ele nem deveria ter começado o jogo! A equipa encarnada devia ter jogado em 4x3x3, tal como eu tinha referido anteriormente, com Jara no lugar de Peixoto e Carlos Martins no lugar de Ruben Amorim. Sem Nicolas Gaitán e com Peixoto penso que era o mais sensato a fazer, esperava um pouco mais de Jorge Jesus neste aspecto!

Como já afirmei, o SL Benfica até entrou bem no encontro, querendo assumir o jogo de forma clara, trocando muito bem a bola numa zona pressionante e tendo criado algumas oportunidades de golo. Houve consistência na defesa e Javi Garcia destacou-se com o trabalho efectuado à frente do quarteto defensivo, mas depois do golo de Miguel Fidalgo, de bola parada, as águias só conseguiram reagir na segunda parte, já sem César Peixoto. Com Franco Jara e mais tarde com Carlos Martins foi possível assistir a uma equipa diferente, mais dominadora e mais criativa, mas sempre muito apressada e instável emocionalmente. Não sei se pode ter alguma coisa a ver com o guarda-redes Roberto, penso que não, mas o que é certo é que esteve à vista de todos que os pupilos de Jesus andam “desconfiados” e pouco crentes, existia na equipa da Luz um maior nervosismo a cada segundo que passava, é necessária uma maior tranquilidade para os lados de Lisboa! Posso também referir que perder assim custa ainda mais como é óbvio, já em pleno período de descontos, numa altura em que o Benfica tudo fazia para marcar, chegou o golo da vitória da Académica, Laionel rematou a 30 metros da baliza e fez um golo de belíssimo efeito!

O campeão nacional entra mal no campeonato e, mais do que um mau resultado, fica para análise a dificuldade sentida pela equipa para fazer a circulação de bola durante todo o encontro que lhe estava associada desde a temporada passada. A vitória alcançada premeia a capacidade de sacrifício da Académica, que mesmo com 10 jogadores e perante um adversário como o SL Benfica conseguiu puxar dos galões e vencer o jogo!

O primeiro jogo dos Campeões Nacionais

O novo puzzle de Jesus estará pronto para o primeiro teste na Luz?

Sidnei está de volta à equipa e será o eleito de Jorge Jesus para substituir o compatriota Luisão no encontro de hoje, frente à Académica, na jornada inaugural da Liga Zon Sagres 2010/11. Assim, Sidnei vai ter nova oportunidade de mostrar serviço ao técnico das águias fazendo dupla com David Luiz no eixo defensivo. Aliás, esta será a reedição da dupla que esteve junta em quase todos os jogos da pré-temporada, já que Luisão esteve no Mundial 2010 e iniciou mais tarde a sua preparação. O jovem, de apenas 20 anos, aproveitou a oportunidade e exibiu-se em bom plano nos encontros particulares, dando boas indicações para esta época, onde terá novamente a forte concorrência dos incríveis David Luiz e Luisão.

Jorge Jesus debate-se com várias dúvidas para formar a equipa que sobe hoje ao relvado da Luz e uma das principais incógnitas é saber quem vai desempenhar o lugar de médio-defensivo. O brasileiro Airton efectuou uma pré-época de grande qualidade, vários furos acima do seu companheiro de sector, Javi García, e ganhou o lugar no encontro da Supertaça com os dragões. Porém, o médio que veio do Flamengo e que tem apenas vinte anos desiludiu no jogo de Aveiro e deverá perder a titularidade para Javi García, que está a recuperar aos poucos a forma que o notabilizou na última época, ele foi um dos que mais fez para que o sonho do título se tornasse realidade no ano passado e isto é algo que não deveria ter sido esquecido por Jorge Jesus no primeiro jogo oficial da nova época frente ao FC Porto!

O campeão vai entrar em cena frente a uma equipa em transformação com um treinador diferente e muito exigente, Jorge Costa. Com dúvidas no onze, claro, mas sempre com uma certeza: o título é para revalidar! Jorge Jesus teve de pensar muito esta semana, reflectir em como devolver a confiança e a motivação à equipa, olhar para os esquemas tácticos testados na pré-época e, ainda, imaginar uma equipa sem Luisão, Nicolas Gaitán e Alan Kardec. Tudo bem que o argentino ainda não agarrou a titularidade, mas bem que podia ser solução para um flanco esquerdo que, com Peixoto a lateral e Coentrão à frente esteve longe de render o que devia. Já Luisão e Kardec preocupam mais, dado que um é o patrão da defesa e já está bem rotinado ao lado de um jogador com a classe de David Luiz, o outro é um avançado que está em rápido crescimento e que possui uma qualidade bem acima da média, factor que deveria deixar Jorge Jesus a pensar até que ponto será ou não viável colocar Cardozo na equipa titular!

É também bem provável que o sector mais recuado sofra algumas mudanças, Maxi já tem mais dias de treino com a equipa, tudo indica que Sidnei irá ocupar o lugar de Luisão e fica a dúvida: jogará Coentrão a lateral-esquerdo? Penso que todos os benfiquistas esperam que sim, uma vez que está à vista de todos que o caxineiro se sente como peixe na água naquele lado esquerdo da defesa encarnada! Se assim for, e sem Gaitán, o Benfica pode muito bem entrar em campo num 4x3x3 com Jara, Cardozo e Javier Saviola na frente de ataque, um tridente ofensivo muito poderoso pronto a explodir a qualquer momento!

Logo à noite, às 20h15, espero ver um Benfica com Roberto na baliza, Maxi Pereira, Sidnei, David Luiz e Fábio Coentrão na defesa, Javi Garcia, Carlos Martins e Aimar na zona central e Jara, Oscar Cardozo e Javier Saviola no ataque. Em relação à turma de Jorge Costa eu apostaria em Peiser na baliza, Pedrinho, Orlando, Berger e Addy no sector mais recuado, Nuno Coelho, Diogo Melo e Diogo Gomes no meio-campo e Diogo Valente, Miguel Fidalgo e Sougou na zona mais adiantada do terreno.