Um Benfica avassalador


Um jogo do Sport Lisboa e Benfica é, agora, quase sempre sinónimo de goleada e de espectáculo. No jogo de ontem, após uns primeiros 15 minutos equilibrados e com o Nacional a controlar a posse do Benfica, a equipa de Jesus demonstrou o seu já habitual pressing alto associado a uma posse de bola qualitativa e eficiente numa zona pressionante e a uma segurança incrivel na hora do último passe, com essa mesma demonstração foi possível tomar conta do jogo e colocar, definitivamente, toda a qualidade do seu jogo em prática. É incrível a forma como Pablo Aimar e Javier Saviola se entendem, o argentino de 27 anos baixa por diversas vezes no terreno para tabelar com Pablito e assim conseguirem sair a jogar com mais velocidade e com mais espaços, baralhando dessa forma as marcações da linha mais defensiva do adversário.

Tenho também que destacar o jogo de Fábio Coentrão, mesmo adaptado a lateral-esquerdo demonstrou uma garra incrível durante todo o jogo e apoiou sempre o processo ofensivo dos encarnados da melhor forma, dando grande profundidade ao seu flanco, estando na origem clara de 2 golos. Nos segundos 45 minutos foi bem mais evidente a extraordinária dinâmica ofensiva da equipa da casa, culminada com mais uma grande goleada. Este SLB é fortíssimo tacticamente, em todos os momentos do encontro, possui um talento enorme, assumiu uma cultura de intensidade invulgar e, agora, respira uma confiança incrível que torna tudo mais simples. É legítimo afirmar que com esta intensidade de jogo e com esta capacidade defensiva brilhante, com um triângulo Luisão-David Luiz-Javi García bastante evoluído a nível táctico e com os princípios da defesa à zona bem vincados e trabalhados a turma de Jorge Jesus poderá chegar muito longe esta época! Para terminar, tenho também que referir que os dois interiores, Di Maria e Ramires, encolhem ou alargam a equipa e dão profundidade ou equilíbrio à mesma de forma muito inteligente e segura. A importância da rapidez a pensar e a executar que estes dois jogadores demonstram é, por isso, fundamental para se responder mais rapidamente a cada um dos momentos do jogo, ambos denotam também uma capacidade física e táctica espantosa, contribuindo assim imenso para o rendimento da equipa. Agora é mais do que óbvio que Jorge Jesus quer vencer e convencer em Braga no Sábado, onde outrora já brilhou e onde jamais será esquecido, por boas ou más razões...

Um FC Porto sempre superior


O Futebol Clube do Porto sentiu algumas dificuldades nos primeiros minutos do jogo de ontem à noite, uma vez que o APOEL entrou bastante pressionante e agressivo sobre a posse de bola portista, não dando grande tempo para pensar e executar. Como complemento para a boa resposta cipriota tivemos um Porto, que mantendo níveis de intensidade altos desde o início, não esteve inspirado na gestão da sua posse. Aqui, tenho mesmo que deixar uma nota para Mariano pelas perdas de bola que acumulou, sucumbido à pressão do adversário e do próprio público. Por outro lado, Raúl Meireles fez, quanto a mim, o seu melhor jogo desta época, foi raríssimo vermos o português a falhar um passe, dando início às transições da sua equipa quase sempre da melhor forma, esteve bastante presente nas diferentes fases do encontro e "compensou" de certa forma o fosso criado por Mariano na zona intermediária.

O efeito do pressing da equipa portista foi evidente, o APOEL nunca conseguiu soltar-se em progressão, nunca conseguiu iniciar o processo de construção de forma concreta e, fundamentalmente, nunca conseguiu jogar e, por isso, foi sempre o Porto quem dominou, o golo dos cipriotas foi apenas um acaso. Com o 0-1 nada se alterou e, como era previsível foi de uma perda de bola que o empate portista surgiu, acerca dos erros no processo defensivo do APOEL, vitais na definição do jogo, importa dizer que são erros forçados, com muito mérito, portanto, para a atitude da equipa orientada por Jesualdo Ferreira. O empate marcou uma viragem emotiva no jogo, dando maior segurança à equipa portuguesa que passou a ganhar mais segundas bolas e a progredir de forma bem mais clara no terreno. A alteração táctica de Jesualdo ao intervalo, colocando Rodriguez no meio e Mariano na ala, melhorou significativamente o “jogar” da sua equipa, principalmente no que toca à criatividade e à velocidade do processo de construção, com Rodriguez mais recuado e mais no centro tornou-se mais fácil transportar a bola até zonas mais avançadas para provocar desequilíbrios e foi de fácil observação que com a desvantagem, o APOEL tentou alongar-se no campo e com isso permitiu que o Porto jogasse mais em transições e com bastante mais espaço, algo que não havia sucedido no primeiro tempo, até ao momento da expulsão de Mariano Gonzalez era iminente a existência de mais um golo para a equipa da casa!

Basicamente, o APOEL era organizado, mas denotou desde cedo muitas fragilidades no que toca ao primeiro passe. O Porto acabou por ganhar o jogo graças ao seu pressing, algo em que é muito forte, e aos erros do adversário. Nunca se conseguiu impor em posse, mas a vitória é algo incontestável, apesar da falta de imaginação e de criatividade da equipa também ser um pouco preocupante. Os médios, neste modelo de Jesualdo, são sempre jogadores com potencialidades para executar transições rápidas e qualquer jogador menos intenso tem dificuldades em impor-se, daí a diferença entre o Porto da primeira e da segunda parte. A grande excepção foi Lucho, cuja inteligência táctica foi suficiente para se impor. É necessário também deixar uma palavra para Hulk, a sua capacidade de explodir perante os adversário é genial e se nunca deixar de trabalhar e de se esforçar é garantida a ascensão mundial deste ainda jovem brasileiro!

FC Porto VS APOEL


Jesualdo Ferreira alertou desde logo os seus jogadores para respeitarem bastante o APOEL, isto numa altura em que os campeões portugueses pretendem dar sequência no Estádio do Dragão ao triunfo obtido na segunda jornada frente ao Atlético de Madrid por duas bolas a zero. Contudo, o APOEL provou ser um adversário difícil logo no jogo de estreia na Champions League, pois empatou no terreno do Atlético e perdeu somente por 1-0 frente ao Chelsea, demonstrando muita objectividade e ao mesmo tempo bastantes lacunas no início do processo de construção, denotando claras dificuldades para realizar o primeiro passe e sair a jogar com segurança e em progressão. Mas mesmo assim, o treinador Ivan Jovanovic está confiante que a sua equipa terá as suas oportunidades para pontuar no Dragão!

O FC Porto parte com a confiança natural que lhe dá o seu estatuto e experiência na Liga dos Campeões, face a uma equipa que faz este ano a estreia, mas os debutantes estão a dar-se bem, daí que o optimismo dos dragões seja moderado. Jesualdo Ferreira rejeita o favoritismo e será mesmo preciso mostrá-lo dentro de campo! É verdade que o Apoel ainda nem marcou um golo na prova, em 180 minutos nunca as redes adversárias balançaram, mas também não é menos verdade que esta equipa tem mostrado uma assinalável eficácia defensiva. Frente a equipas cotadas do futebol europeu, como é o caso do Chelsea e Atlético de Madrid, sofreram apenas um golo. Quanto à experiência, o Apoel é um estreante e o futebol cipriota está longe de ser reconhecido como viveiro de grandes executantes, mas também é certo que não há Belluschi e quando o argentino não joga, o meio-campo do FC Porto ressente-se, nomeadamente no que toca à definição dos envolvimentos mais ofensivos. Mas ainda aqui, pode-se optar por desvalorizar a ausência e sublinhar o fôlego que Guarin tem dado à equipa quando é chamado, permitindo uma maior ocupação dos espaços e uma solução mais forte para aparecer em zonas mais adiantadas a rematar!

O jogo desta noite será, apenas, a primeira parte da dupla jornada com os cipriotas, daqui a duas semanas há mais, no Chipre. E nestes dois jogos pode estar a chave do apuramento azul e branco, tendo sempre em conta aquilo que fizerem Chelsea e Atlético de Madrid, que também medem forças a duas mãos. O técnico cipriota admite que um empate já não seria nada mau, mas a Jesualdo os adeptos não desculparão nada que não seja a vitória!

Equipas prováveis:

FC PORTO: Helton; Fucile, Bruno Alves, Rolando e Álvaro Pereira; Fernando, Raul Meireles e Guarín; Rodríguez, Hulk e Falcão.

APOEL:
Chiotis; Kontis, Broerse, Grncarov e Elia; Nuno Morais, Michail, Kosowski, Hélio Pinto, Charalambides; Mirosavljevic.

Bom jogo, excelente vitória

Foi muito importante os jogadores terem entrado em campo sabendo da vitória da Dinamarca sobre a Suécia, isso tranquilizou um pouco a Selecção, embora tenha defrontado uma Hungria mais forte do que no primeiro jogo. Nos últimos encontros, era possível observar um Portugal nervoso e ansioso, ontem já não se notou tanto esse medo de errar. O jogo que mais marcou esta fase de apuramento foi o Portugal VS Dinamarca, em que após uma grande exibição, com muitas oportunidades de golo, perdemos por 3-2. Isso fez muita mossa, dado que as críticas aumentaram e Portugal deixou de estar num estado de graça e voltou à calculadora, foram postos em causa os jogadores, falou-se em mudança de treinador... O pessimismo aumentou imenso e a esperança diminuiu, tudo isso criou nervosismo nos jogadores numa fase de transição, com uns a saírem e outros a entrarem, em que era preciso criar uma equipa forte em pouco tempo e com um novo seleccionador, Carlos Queiroz, que se estreou praticamente em competição, ao contrário de Scolari e que demonstrou mais uma vez não ser o que muitos portugueses pensam que ele é, o eterno adjunto!

Ronaldo mostrou espírito de sacrifício e personalidade de campeão, apesar da sua saída precoce do encontro de ontem, ele não se importou de jogar condicionado, correndo o risco de agravar ainda mais a sua lesão, para contribuir e ajudar o seu país, o brilhantismo da selecção parecia ter abalado, até porque o mágico Deco passou totalmente ao lado do jogo. Felizmente, Portugal conseguiu ultrapassar esse problema, com Simão e Pedro Mendes a destacarem-se pela positiva, com o primeiro a brilhar no seu estádio de eleição, marcando dois golos e criando bastantes desequilíbrios não tanto com diagonais, mas sim com movimentos mais verticais, já o segundo juntamente com a sua simplicidade de processos e excelente sentido posicional mostrou ao professor que é uma hipótese para levar muito a sério, até porque com a entrada do Pedro para o onze inicial foi possível encarar melhor a ocupação dos espaços e jogar num "falso losango" com um processo de construção mais organizado partindo de zonas mais recuadas, com Meireles a jogar na sua posição de raiz, admitindo porém que este não fez um grande jogo, e com Simão e Ronaldo (Nani) bem mais junto às alas! Não diria que Pedro Mendes foi uma agradável surpresa, visto que eu já sabia que se tratava de um bom valor e que, num campeonato difícil, trabalhou sempre muito na esperança de voltar a ser chamado à selecção e ontem esteve à altura daquilo que se lhe pedia, muito trabalhador, muito concentrado e foi extremamente importante para manter o equilíbrio desta equipa, que se parte facilmente por ter jogadores muito ofensivos!

Apesar da vitória por três bolas a zero, há várias coisas a melhorar, como por exemplo aprender a abrir equipas que defendem com 11 homens atrás da bola, é também preciso afinar os cruzamentos e agora temos Liedson, que é um fabuloso ponta-de-lança, e Cristiano Ronaldo também aparece bem na área, mesmo a cabecear. O nosso lateral-esquerdo, Duda, é uma adaptação que não me consegue convencer minimamente, é urgente arranjar uma solução, Miguel Veloso ou até mesmo Paulo Ferreira fariam, certamente, muito melhor! Há também que melhorar no último passe, ontem houve demasiados passes errados, e é aí que por vezes se decidem os jogos, além de que as perdas de bola causam maior desgaste porque obrigam a equipa a recuperar defensivamente. A falta de inspiração de Deco foi um dos factores que contribuíram para esse elevado número de passes errados e Portugal precisa ainda de ter maior paciência com a bola, não pode abusar das transições rápidas, resolvendo as jogadas o mais rápido possível, tem de saber controlar o jogo através da posse de bola e “esperar” por aberturas na defesa adversária com uma forte circulação de bola numa zona pressionante! Perante tudo isto, e faltando apenas o jogo com o adversário mais acessível do grupo, estamos muito perto do play-off e, posteriormente, do Mundial na África do Sul, já poucos acreditavam nisto, mas Queiroz e o seu grupo nunca deixaram de acreditar e os frutos dessa crença estão mesmo a chegar!

Peço apenas calma e eficácia

Pequena Ante(visão):

Perante isto tudo, o que sobra a Portugal é vencer, somar seis pontos nos dois jogos que lhe faltam disputar e esperar que a sorte esteja do seu lado e não favoreça os suecos, especialmente estes. E se ficarmos em segundo lugar no grupo, lá vem o play-off, em que seremos um dos oito que tudo farão para ir à África do Sul, até lá convém vencer e convencer e começa hoje, às 20h45, no Estádio da Luz, a corrida ao ouro, a corrida do tudo ou nada! Aqui fica o onze provável da nossa selecção: Eduardo, Bosingwa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Duda; Pedro Mendes, Simão, Raúl Meireles e Deco; Liedson e Ronaldo.

E agora "o meu onze": Admitindo a utilização do mesmo sistema táctico, 4x4x2 em losango, jogaria com Eduardo, Bosingwa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Duda; Miguel Veloso, Raúl Meireles, Ronaldo e Deco; Liedson e Nuno Gomes. Na baliza, só não colocaria Beto, porque este não tem feito qualquer jogo pela sua equipa, enquanto o treinador do Braga tem apostado sempre em Eduardo para defender as redes da sua equipa, se fosse pela qualidade de ambos o titular seria, com certeza, Beto! Nas laterais Bosingwa e Duda, uma vez que estes dois jogadores permitem dar uma profundidade e uma largura importante à nossa selecção e sabendo que a selecção da Hungria não irá a Lisboa para assumir o jogo, estes terão um papel fundamental no que toca ao processo ofensivo e à criação de espaços! Sem Pepe, é óbvio que terá que ser esta a dupla de centrais, acho que já disse quase tudo em análises anteriores sobre estes dois fantásticos centrais, a médio-defensivo o Miguel, pois este já merece uma oportunidade pelo que tem vindo a fazer pelos leões, está a demonstrar como se deve ocupar de forma extraordinária e racional os espaços, evidenciando um posicionamento e uma cultura táctica excelentes.

Como interiores colocaria Ronaldo e Meireles, dado que com Ronaldo situado mais atrás no terreno seria mais fácil para ele explodir e desequilibrar vindo de trás, teria mais espaço, teria mais tempo para pensar e executar, deixaria Liedson onde e como gosta e poderia também dar algum equilíbrio táctico à equipa, relembrando um pouco a forma como este defendia no Man.United de Ferguson, falando também do outro médio português e apesar de este estar a passar uma fase menos boa, continua a ser a excelência no que ao passe diz respeito, Raúl Meireles é demasiado importante para ser deixado no banco, o seu poder de transição juntamente com o requinte dos seus passes fazem dele cada vez mais titular! Para terminar, alinharia com Deco a médio-ofensivo no apoio a Nuno Gomes e Liedson, com o levezinho a movimentar-se mais para junto das faixas e com Nuno Gomes a preferir movimentos mais verticais, permitindo assim algumas nuances tácticas que são importantíssimas num jogo como este, nomeadamente, grandes desequilíbrios através do jogo sem bola e o aparecimento dos médios numa segunda linha para rematar, nesta dupla atacante Liedson seria, claramente, o ponto de maior referência, com o experiente Nuno Gomes a criar espaços com a sua enorme inteligência para o seu companheiro conseguir finalizar de forma concreta!

Um Sporting negro de Paulo Bento


Ontem em Alvalade houve uma insignificante melhoria no futebol leonino, tão insuficiente que nem deu para marcar um único golo aos homens do Restelo. Este empate no derby de Lisboa confirma o que já estava confirmado para mim há muito tempo: o leão está a atravessar uma fase bastante negra, os adeptos estão revoltados e o futebol da equipa é argumento mais que válido para essa tal revolta, dado que todos colocam o Sporting como sendo a “típica equipa grande”, mas no fundo esta equipa de Paulo Bento não pratica futebol suficiente para merecer esse estatuto, a sua dinâmica ofensiva é péssima, não consegue jogar de forma continuada e apoiada, não provocando desequilíbrios em posse de forma segura, fazendo dos lances de bola parada o mais forte argumento para criar perigo. A sua defesa é extremamente insegura e o único jogador do sector mais recuado que não merece ser alvo de críticas é o jovem Daniel Carriço, todos os outros demonstram lacunas básicas e essas perigosas anomalias estão relacionadas com a incapacidade psicológica e motivacional de toda a equipa!

Um grande problema desta equipa também paira na dupla de ataque, Liedson não tem um companheiro certo a seu lado, já vimos que Postiga não é mais do que um ponta-de-lança banal, Yannick Djaló tem características semelhantes a Liedson e num sistema como este não é exactamente isso que se procura, dado que, para além de Yannick ser um pouco fraco a finalizar e a pressionar, o que se deve procurar realmente é um avançado mais posicional para contrastar com a enorme mobilidade do luso-brasileiro, no plantel sportinguista só vejo mesmo Felipe Caicedo como alternativa e talvez este equatoriano precise de oportunidades concretas para elevar o seu ego e o seu rendimento e dar a Liedson e a toda a equipa uma maior tranquilidade! Com tudo isto, é bem visível a dependência da equipa leonina em relação à capacidade que Liedson tem para resolver encontros, mas nem sempre o levezinho consegue resolver e quando isso não acontece tudo se torna muito mais difícil, para finalizar quanto a individualidades, tenho que falar no eterno João Moutinho, está em nítida regressão de forma, não consegue encontrar a melhor maneira para colocar o seu futebol em prática denotando claras dificuldades para aparecer no meio-campo adversário com a bola bem colada ao pé pronto a provocar rupturas nas defesas contrárias, mas também quando toda a equipa está em baixo a vários níveis são raros os jogadores que sobrevivem a essa mesma onda negativa!

Falando agora um pouco do jogo de ontem, o Sporting até entrou bem, determinado e obrigado, entre castigos e lesões, a melhorar a imagem da noite europeia, aquela que deu um triunfo histórico, mas que deixou os jogadores com as orelhas a arder, depois de uma assobiadela monumental. Era preciso trocar os assobios pelos aplausos e a entrada no jogo dava sinais de que isso poderia acontecer, Postiga rematava ao lado, logo aos quatro minutos, no primeiro indício de redenção leonina, mas seria o mesmo Postiga, porém, a desesperar o mais calmo dos adeptos ao não aproveitar um brinde do ex-leão Beto, num contra-ataque de 3 para 1, Nelson teve mérito na mancha, mas o avançado podia e devia ter feito bem melhor. Assim, pairava no ar a inquietude leonina! Os minutos finais aumentaram ainda mais a tensão, uma altura em que apenas se pensa num golo no último instante, numa inspiração de um jogador, num bocadinho de sorte que seja, para se vencer e adiar as "conversações" entre a equipa técnica e os adeptos, só que a sorte dá trabalho e o leão está de baixa, joga mal, e nas bancadas soltou-se mais uma vez a revolta com mais assobios e lenços brancos. Paciência e tranquilidade com Paulo Bento? Está muito longe de existir...

Cesc melhora e Arsenal goleia

Esta foi uma tarde cheia de golos no Emirates Stadium, onde o Arsenal recebeu e venceu o Blackburn Rovers por 6-2. Os visitantes começaram por marcar cedo e estiveram na frente do marcador por duas vezes, só que os londrinos quando exploram todo o seu potencial e metem em prática toda a sua dinâmica são uma autêntica máquina de fazer golos e acabaram por marcar mais seis neste jogo. Apesar de o Arsenal ter marcado por seis vezes e de ter realizado uma excelente exibição, principalmente na segunda parte, tenho que realçar a permeabilidade defensiva desta equipa, em alguns momentos do jogo, principalmente quando o adversário jogava mais em profundidade os pupilos mais recuados de Wenger demonstraram algumas dificuldades para acompanhar os avançados contrários ou então para utilizar a arma do fora-de-jogo da melhor forma.

Neste jogo, sem dúvida alguma, quem compensou e equilibrou a zona mais recuada da equipa da casa foi Song, sempre muito concentrado e lutador, com um jogo posicional incrivel e com uma capacidade de desarme tremenda! Mas se quero falar de destaques individuais então tenho mesmo que realçar Cesc Fabregas, o melhor jogador em campo, fez quatro assistências e marcou um golo, ficou também bem visível que a sua equipa melhora a forma de jogar de uma maneira abismal quando este está a 100% e coloca em prática todo o esplendor do seu futebol, porque, na minha opinião, não há ninguém no futebol inglês capaz de “pegar” no jogo da equipa e de fazer passes de ruptura tão criativos e inteligentes como este espanhol!

O colectivo do Blackburn mostrou que possui algumas dificuldades para jogar de forma mais apoiada e segura, utilizando por diversas vezes o passe longo que, na maioria dos casos, acabou por fazer com que a bola acabasse junto à equipa adversária, utilizou um bloco baixo, mas algo inseguro e foi notório que esta equipa depende excessivamente de rasgos individuais ou então de erros por parte dos adversários. Por outro lado, o seu adversário de hoje, denota uma capacidade tremenda para explorar o jogo entre-linhas e tendo uma enorme mobilidade por parte dos homens mais avançados, nomeadamente Arshavin e Robin Van Persie, torna-se muito mais fácil provocar desequilíbrios constantes, baralhando as marcações adversárias com esse tal jogo sem bola brilhante por parte dos avançados.

Com um forte e compacto ataque posicional, com médios na equipa como Diaby e Fabregas, que para além de serem bons executantes são, antes de mais, capazes de seleccionar as técnicas mais adequadas para responder às sucessivas exigências do jogo, com a utilização de passes de ruptura geniais e de triangulações espantosas em plena grande área adversária esta é a equipa que, para mim, mais se aproxima do “jogar” do Barça de Guardiola em todo o continente Europeu! Tenho também que deixar um pequeno elogio a Vermaelen, defesa-central belga, que em oito jogos já marcou quatro golos na Premier League. É bastante fácil detectar que este jovem de 23 anos tem um bom toque de bola e adora aparecer em zonas mais adiantadas do terreno para ajudar no processo de construção da equipa ou até mesmo para finalizar uma ou outra jogada!

É urgente uma revolução em Madrid

Faz-me imensa confusão como é que tanto potencial individual é tão banalmente aplicado por Abel Resino. Esta equipa do Atlético de Madrid tem potencial individual para discutir qualquer jogo com qualquer equipa e para ser um perigoso “outsider” na Champions League, mas não o é. Não é porque não sabe pressionar, porque se limita a esperar pelo adversário e porque quando tem de atacar, seja em transição rápida, seja de forma mais apoiada, esbarra sempre numa imediata dependência de provocar desequilíbrios através de lances individuais, nomeadamente por intermédio de Diego Forlán ou de Kun Agüero.

Acho, de facto, incrivel o poder de entrega ao jogo do camisola 7 dos madrilenos, é possível ver este jogador a ajudar imenso no processo defensivo, chegando mesmo a recuperar algumas bolas perto da grande área da sua equipa, e mesmo no ataque, é constante e demasiado previsível a forma como este jogador recua para ajudar no processo de construção ou então, para simplesmente, rematar de longe, algo que ele sabe fazer mesmo muito bem, e esta dependência individual não é só no último terço do terreno, começa por ser logo na primeira fase de construção!

Outra coisa que me espanta é a "evolução" desta equipa desde a pré-época, pegando no jogo frente ao Benfica por exemplo, foi possível observar uma primeira parte excelente deste Atlético, mas de lá para cá parece ter regredido de uma forma incrível! Sem qualquer dúvida, o que esta equipa necessita realmente é de um treinador novo com métodos bastante mais evoluídos e pragmáticos!